De acordo com a Secretaria de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, houve um aumento de 64% nas taxas de lesões autoprovocadas intencionalmente por crianças e adolescentes entre 2019 e 2022, associadas ao uso de telas conectadas à internet. Esse dado alarmante evidencia a necessidade de medidas urgentes para promover um uso saudável e equilibrado desses dispositivos.
A instalação do grupo de trabalho era aguardada por especialistas no assunto, que consideram a iniciativa importante e necessária. Maria Mello, coordenadora do Programa Criança e Consumo do Instituto Alana, ressalta a importância da ação multidisciplinar e multissetorial para compreender as demandas e propor soluções para um uso consciente das telas, envolvendo não apenas o Estado, mas toda a sociedade.
O uso cada vez mais precoce e intensivo de dispositivos eletrônicos por crianças e adolescentes é um fenômeno global, com implicações tanto positivas quanto negativas. Dados da pesquisa TIC Kids online revelam que a maioria das crianças e adolescentes já acessa a internet regularmente, sendo expostos a conteúdos variados e, em muitos casos, inadequados para sua faixa etária.
O pediatra e sanitarista Daniel Becker, que integra o GT, destaca os diversos prejuízos causados pelo uso inadequado das telas, desde problemas físicos como sedentarismo e distúrbios visuais, até comprometimentos cognitivos e emocionais, como falta de atenção e dificuldades de relacionamento interpessoal. A exposição a conteúdos extremistas e o aumento da vulnerabilidade a crimes virtuais também são preocupações relevantes nesse contexto.
Nesse sentido, a aprovação de leis que regulamentem a atuação das plataformas digitais e redes sociais se mostra essencial para proteger crianças e adolescentes de abusos e exposições perigosas. Além disso, a implementação de políticas públicas que promovam o cuidado com quem cuida e garantam um ambiente saudável e diversificado para o desenvolvimento das crianças e adolescentes é fundamental para mitigar os impactos negativos do uso excessivo de dispositivos eletrônicos.