Segundo analistas do mercado financeiro, essa queda pode ser atribuída à decisão da empresa de reter os dividendos extraordinários, avaliados em R$43,9 bilhões, adiando o pagamento desses recursos para o futuro. Os dividendos são parte do lucro que é distribuída aos acionistas da empresa.
Especialistas em economia e mercado de petróleo entrevistados pela Agência Brasil avaliaram que a reação negativa do mercado à retenção dos dividendos pode ser uma resposta às mudanças na gestão da Petrobras em relação ao governo anterior, que priorizava o pagamento dos acionistas.
O economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo, destacou que a pressão para que a Petrobras pague mais dividendos pode prejudicar o caixa da empresa, mesmo sendo ela a maior pagadora de dividendos do Brasil. Já o diretor técnico do Ineep, Mahatma Ramos, afirmou que a reação do mercado pode refletir o descontentamento de acionistas que têm interesses de curto prazo.
Para o economista André Roncaglia, a queda no preço das ações da Petrobras é um movimento circunstancial. Ele acredita que, conforme a empresa se reconsolide como uma empresa de energia orientada para a transição verde, o mercado deve mudar sua visão e o valor das ações tende a subir.
A diretoria da Petrobras propôs pagar 50% dos dividendos extraordinários e reter os outros 50%, mas o Conselho decidiu reter todo o valor para análise. A proposta ainda deve ser aprovada pela Assembleia Geral Ordinária, que acontecerá no próximo dia 25 de abril.
A empresa justificou a decisão de reter os dividendos para analisar melhor os cenários considerando os possíveis maiores investimentos previstos para 2024 e 2025. A reserva dos R$43 bilhões dos dividendos extraordinários será utilizada para remunerar os acionistas, garantindo assim um maior colchão de liquidez e reduzindo incertezas no mercado.
Apesar da queda no preço das ações e da reação negativa do mercado, a Petrobras se mantém como a maior pagadora de dividendos do Brasil e investiu em projetos de longo prazo no setor de energia. A empresa busca se posicionar de forma mais equilibrada entre seus objetivos privados e os interesses públicos, visando um desenvolvimento energético sustentável para o país.