De acordo com a subcoordenadora de Pesquisas do Gemaa, Marcia Rangel, a seleção dos filmes analisados considerou aqueles que alcançaram maior público nas salas de cinema do país. Essas produções, majoritariamente de ficção, recebem mais investimentos e divulgação, ocupando uma posição de destaque no circuito cinematográfico. No entanto, a falta de diretoras entre esses filmes reflete as disparidades presentes no setor audiovisual brasileiro.
A pesquisa apontou que, ao longo dos anos, as mulheres, especialmente as negras, têm encontrado dificuldades para ascender a cargos de direção em filmes de grande público. Em contrapartida, em 2022, houve a presença de diretores negros em duas produções importantes, evidenciando uma mudança positiva nesse aspecto. No entanto, a representatividade ainda é desigual, com homens brancos mantendo o controle das posições de poder no cinema nacional.
No que diz respeito ao roteiro e elenco, as mulheres também enfrentam desafios para obter espaço e visibilidade. A pesquisa demonstrou que a presença de roteiristas e atores negros ainda é minoritária, reforçando a falta de diversidade e inclusão no cinema brasileiro. O Gemaa ressaltou a importância de políticas públicas que promovam a diversidade e incentivem a participação de grupos historicamente excluídos na indústria do audiovisual.
As desigualdades de gênero e raça destacadas pelo estudo apontam para a necessidade de transformações estruturais no cinema brasileiro, que deve buscar maior representatividade e pluralidade em suas produções. A atuação do poder público, por meio de editais e ações afirmativas, pode ser fundamental para impulsionar mudanças significativas no setor, tornando-o mais inclusivo e diversificado. A esperança de que a indústria cinematográfica nacional caminhe rumo a uma maior igualdade e equidade é fundamental para garantir a representatividade de toda a sociedade nas telas do país.