O Movimento Mobiliza Saracura Vai-Vai, em defesa da preservação da história da população negra na região, tomou medidas para minimizar os danos, notificando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além do alagamento, um duto rompido causou uma grande erosão, destruindo parte da calçada e arrastando dois veículos na Rua Paim, onde outras obras do metrô estão em andamento, a poucos metros do sítio arqueológico.
No ano passado, o Iphan havia interrompido as atividades arqueológicas devido ao período de chuvas e, posteriormente, exigiu à Linha Uni, responsável pela obra, uma série de documentos e laudos sobre as intervenções de segurança no canteiro. Somente em julho os resgates foram retomados. Em novembro, a Polícia Federal esteve no local após constatar que os procedimentos não estavam sendo realizados de acordo com as determinações do Iphan.
O sítio arqueológico revelou a retirada de 7,1 mil itens, incluindo cerâmica, louça, fragmentos de couro, vidro, dentes de animais, conchas e tecidos, a maioria datada do século 20. No entanto, alguns objetos específicos, como um cachimbo cerâmico com detalhes em alto-relevo e uma panela com cabo, chamaram a atenção dos pesquisadores como possíveis itens utilizados por populações afro-brasileiras.
Desde a identificação do sítio arqueológico em 2022, a região foi alvo de movimentos de preservação, com a Escola de Samba Vai-Vai, fundada por descendentes do Quilombo Saracura, tendo sido desalojada. O licenciamento ambiental revelou que estudos arqueológicos prévios não foram realizados em determinadas regiões do traçado da Linha Laranja, o que gerou investigações do Ministério Público Federal.
A Linha Uni, atual concessionária responsável, formada pelos acionistas Acciona, Société Générale e Stoa, não se pronunciou sobre o caso. O Movimento Saracura Vai-Vai busca agora a revisão do licenciamento das obras e a legalidade das autorizações concedidas está sob investigação. A Agência Brasil procurou a concessionária, mas aguarda resposta.