Merong explicou, em um vídeo divulgado pela União Nacional Indígena (UNI), que a ocupação do terreno foi uma forma de reivindicar seus direitos e proteger o meio ambiente. O líder indígena destacou a importância da terra para a comunidade, mencionando que o espaço era utilizado para plantio, banho no rio e educação diferenciada para as crianças.
O local onde os indígenas estavam instalados, conhecido como Vale do Córrego de Areias, fica a cerca de 20 quilômetros da área onde ocorreu o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, tragédia que resultou em 270 mortes em 2019. A região tem sido palco de diversas disputas territoriais envolvendo os povos indígenas.
A morte de Merong foi inicialmente registrada pela polícia como um suicídio por enforcamento, porém amigos e familiares do cacique levantaram dúvidas sobre essa hipótese. Frei Gilvander Moreira, membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT), afirmou que Merong tinha planos para ampliar a luta dos indígenas e acredita que ele tenha sido assassinado.
Diante das suspeitas de assassinato, a polícia civil e federal estão investigando o caso, sem descartar nenhuma linha de investigação. A morte de Merong provocou comoção e revolta entre os povos indígenas e diversas organizações da sociedade civil, que pedem por uma apuração rigorosa do ocorrido.
Merong Kamakã Mongoió, que pertencia à sexta geração da família Kamakã Mongoió, foi uma figura ativa na luta pelos direitos indígenas e na defesa dos territórios tradicionais. Sua morte se junta a uma série de atos violentos cometidos contra os povos pataxó-hã-hã-hãe nos últimos anos, evidenciando a vulnerabilidade e a violência que muitas comunidades indígenas enfrentam no Brasil.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e diversos políticos e organizações expressaram pesar pela morte do cacique e pedem por justiça e respeito aos direitos dos povos indígenas. A comunidade indígena segue em luto e em luta pela preservação de suas culturas e territórios ancestrais.