Desenvolvido em parceria com a empresa Euvatar Storyliving, especializada em tecnologias, o projeto visa modernizar a imagem da Academia e atrair um público mais jovem para a leitura. O avatar de Machado levou mais de três meses para ser construído, com um banco de dados alimentado pelas obras do próprio escritor e estudos desenvolvidos pela ABL.
Durante o evento de lançamento, o presidente da ABL, Merval Pereira, destacou que o dispositivo foi programado para incorporar o estilo literário, personalidade e traços físicos do autor. No entanto, surgiram questionamentos em relação à representação étnica do escritor. Enquanto alguns defendem que a imagem do avatar é fiel, pesquisadores apontam para um embranquecimento da figura de Machado de Assis.
Em meio a debates sobre a identidade étnico-racial do escritor, o avatar se posicionou afirmando que, apesar das polêmicas, o mais importante é o impacto das suas ideias e visão de mundo nas pessoas atualmente. Ele reconheceu a ausência de abordagens mais aprofundadas sobre a escravidão em sua obra, destacando a presença da herança africana em sua produção literária.
Além disso, o avatar esclareceu a ambiguidade presente em “Dom Casmurro” em relação à fidelidade de Capitu, ressaltando que a intenção do autor era justamente provocar reflexões e incertezas sobre as relações humanas. Os visitantes da ABL poderão se aproximar do avatar de Machado de Assis e tirar dúvidas sobre sua vida e obra, mas sem a possibilidade de obter posicionamentos concretos sobre assuntos contemporâneos.
Em suma, a inovação tecnológica na Academia Brasileira de Letras promete oferecer uma experiência única aos visitantes, ao mesmo tempo em que reacende debates sobre a figura e obra de Machado de Assis em um contexto cada vez mais digital e consciente das questões sociais.