O caso ganhou destaque após a diretora de uma escola no Rio Grande do Sul considerar “lamentável” o envio de 200 exemplares da obra para a instituição de ensino. Em redes sociais, Janaína Venzon criticou os livros de “baixo nível” que foram enviados para os alunos do ensino médio. A 6ª Coordenadoria Regional de Educação do estado tomou a decisão de não disponibilizar os exemplares nas bibliotecas da região até segunda ordem.
Paulo Pimenta refutou as acusações da diretora, esclarecendo que o governo federal envia obras literárias somente mediante solicitação das escolas. Ele também mencionou que o livro foi aprovado para integrar o Programa Nacional do Livro e do Material Didático ainda no governo anterior, e a distribuição ocorreu após a solicitação da escola.
O autor Jeferson Tenório se pronunciou sobre o ocorrido nas redes sociais, chamando a situação de “absurda”. Ele relatou que essa não foi a primeira vez que sua obra sofreu tentativa de censura, conectando os episódios ao cenário de polarização política e conservadorismo.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, também repudiou os ataques ao livro, garantindo apoio legal para combater qualquer tipo de censura. O Ministério da Educação (MEC) explicou que os professores são responsáveis pela escolha de livros a serem adotados em sala de aula, e o MEC envia obras apenas a pedido dos educadores.
A Companhia das Letras, editora responsável por publicar o livro, condenou a censura e destacou que a retirada de exemplares baseada em interpretações distorcidas viola princípios educacionais e democráticos. “O Avesso da Pele”, premiado e traduzido para 16 idiomas, aborda questões raciais, violência e identidade, sendo reconhecido com o Prêmio Jabuti em 2021 na categoria Romance Literário.