Em uma entrevista coletiva, Kicillof acusou o presidente de extorsão e ameaças às províncias argentinas, afirmando que o corte dificulta o pagamento dos salários dos professores e o financiamento da alimentação dos alunos. Anteriormente, Milei suspendeu recursos da província de Chubut, na região patagônica, levando o governador Ignacio Torres a recorrer à Justiça e ameaçar cortar o fornecimento de petróleo e gás para o resto do país.
Nessa terça-feira, a justiça federal determinou que o governo nacional devolva o acesso aos recursos de Chubut, mas Milei informou que irá recorrer da decisão. Em uma entrevista ao jornal La Nación, Torres criticou a postura do governo nacional, acusando-o de tentar “matar uma província para exemplificar e disciplinar o resto”.
O presidente Milei justificou os cortes como parte de um ajuste fiscal necessário para reduzir o déficit do Estado em até 5% do PIB. O cientista político Leandro Gabiati analisou que essas medidas refletem a estratégia de confronto adotada pelo presidente, especialmente após a derrota de seu projeto de lei de ajuste fiscal no Congresso Nacional.
Gabiati alertou para os riscos dessa abordagem, destacando a dependência financeira das províncias argentinas em relação ao governo central, em contraste com a maior autonomia econômica dos estados brasileiros. Ele ressaltou que a divisão de recursos é historicamente um ponto de conflito na Argentina e que a postura de Milei pode gerar impasses que resultem em crises políticas ou sociais.
Diante do cenário de cortes e confrontos entre o governo nacional e as províncias argentinas, a situação política do país permanece instável e incerta, com desafios que podem impactar o equilíbrio federativo e a estabilidade interna. Enquanto isso, os governadores e o presidente continuam em um jogo de pressão e negociação, tentando garantir seus interesses e posições em meio a um ambiente de tensão e incerteza.