Segundo informações obtidas pelo jornal O Globo, investigadores da PF acreditam que a fala de Bolsonaro pode complicar sua situação no inquérito, pois ela pode ser interpretada como uma confirmação de que ele estava ciente da minuta do golpe. No entanto, durante seu discurso, Bolsonaro minimizou a importância do documento, insinuando que seria constitucional e não motivo para acusá-lo.
Para os policiais federais envolvidos no caso, a intenção de Bolsonaro era negar qualquer tentativa de golpe, mas acabou admitindo indiretamente a existência do documento. Por isso, a transcrição de sua fala deve ser incluída no inquérito como evidência.
“Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de Estado de Defesa. Golpe? Usando a Constituição? Tem que ter uma santa paciência… Golpe usando a Constituição”, declarou Bolsonaro a seus apoiadores durante o discurso na Avenida Paulista.
Antes desse episódio, o ex-presidente havia optado por ficar em silêncio durante um questionamento da PF sobre seu envolvimento no suposto plano de golpe de Estado. Ele justificou sua posição afirmando que o estado de sítio não havia sido decretado nem consultado com os órgãos competentes.
A minuta do golpe foi inicialmente encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, do governo Bolsonaro, em janeiro de 2023. O documento propunha o decreto de um “Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral” com o objetivo de garantir a integridade do processo eleitoral presidencial de 2022.
Com essas novas revelações e a utilização da fala de Bolsonaro como evidência, o inquérito sobre a suposta organização criminosa responsável pelo plano de golpe de Estado pode ter novos desdobramentos. A PF continuará investigando o caso para esclarecer todas as circunstâncias envolvidas.