Entretanto, a estimativa da IFI permanece ligeiramente inferior às projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Central do Brasil, que preveem um crescimento de 1,7% para a economia do Brasil em 2024. Além disso, a previsão da IFI também está aquém da estimativa da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que menciona 1,8%, e do governo, que projeta um crescimento do PIB de 2,2% para este ano.
A IFI registra que a melhoria na projeção de crescimento econômico implica em um “hiato do produto mais fechado”, o que configura um vetor de alta para a inflação ao consumidor. No entanto, a projeção da IFI para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 foi ajustada marginalmente para baixo, de 4% para 3,9%, devido à expectativa de moderação na trajetória dos preços das commodities em reais, mantendo a inflação dentro da meta pretendida pelo governo, de 3%, com tolerância de 1,5% para cima ou para baixo.
O RAF de fevereiro também mergulha na revisão das projeções das receitas a partir das mudanças legais introduzidas em 2023 e suas interfaces com a meta fiscal e o contingenciamento necessário para seu alcance. A projeção inicial da IFI é de um déficit primário de 0,9% do PIB, descumprindo a meta fixada pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO 2024) de um “déficit zero”, mesmo com a margem de tolerância admitida de um déficit de R$ 28,8 bilhões ou 0,25% do PIB.
Além disso, o relatório da IFI indica que a dívida bruta pode alcançar 77,7% do PIB no fim de 2024 e 80,2% do PIB no ano seguinte, dificultando a estabilização no curto prazo. A IFI projeta uma receita de R$ 130,4 bilhões oriunda das novas fontes previstas em leis aprovadas no ano passado, bem abaixo dos R$ 274,7 bilhões esperados pelo Executivo federal. O relatório identifica incertezas relativas às fragilidades fiscais, ao excessivo endividamento das famílias e a eventos externos, como as eleições americanas e os conflitos armados em curso.
Produzido mensalmente pela IFI, o RAF contém avaliações conjunturais sobre a macroeconomia, receitas e despesas públicas, e os ciclos orçamentários. A IFI foi criada pelo Senado em 2016 com o objetivo de ampliar a transparência nas contas públicas e divulgar estimativas de parâmetros e variáveis relevantes para a construção de cenários fiscais e orçamentários. A instituição também analisa o desempenho de indicadores fiscais e orçamentários e procura mensurar o impacto de eventos fiscais relevantes. O diretor-executivo da IFI é o economista Marcus Pestana.
Essas projeções e avaliações refletem um panorama abrangente da situação fiscal e econômica do país, fornecendo insights valiosos para formuladores de políticas, agentes econômicos e investidores sobre as perspectivas futuras da economia brasileira.