Em entrevista coletiva na saída da PF, Wajngarten alegou que o ex-presidente “nunca foi simpático a qualquer tipo de movimento golpista”. O advogado explicou que o silêncio de Bolsonaro não se trata apenas do exercício constitucional do direito de ficar calado, mas sim de uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos pelos quais está sendo imputada ao presidente a prática de certos delitos.
Wajngarten acrescentou que a falta de acesso à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e a conteúdos de mídias obtidas em celulares apreendidos em operações deflagradas pela corporação “impedem que a defesa tenha um mínimo de conhecimento de por quais elementos o presidente é hoje convocado ao depoimento”.
O advogado enfatizou que “não houve de forma alguma da parte da defesa qualquer constrangimento na vinda do presidente a esse depoimento, como aliás ele sempre fez e continuará fazendo. Sendo do maior interesse dele o esclarecimento dessa verdade”. Wajngarten deixou claro que o único motivo pelo qual Bolsonaro fez uso do silêncio foi devido ao fato de ele responder a uma investigação semi-secreta.
A presença do ex-presidente na PF gerou grande expectativa, porém, Bolsonaro se limitou a permanecer em silêncio durante o depoimento. Ainda assim, a atitude tomada por sua defesa de descrever o inquérito como semi-secreto levantou questionamentos sobre a transparência do processo e a possibilidade de acesso equitativo das partes envolvidas às evidências e documentos que embasam as acusações contra o ex-presidente.
A partir de agora, novos desdobramentos são aguardados no desenrolar deste inquérito, que tem gerado grande repercussão política e social no país. O silêncio de Bolsonaro frente às acusações de tentativa de golpe de Estado deverá seguir sendo amplamente debatido e analisado nos próximos dias, enquanto o processo segue seu curso na esfera judicial.