Para o professor Matheus Cavalcanti Pestana, da Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV), a comparação numérica é inadequada, uma vez que essas instituições atendem a públicos diferentes e possuem estruturas distintas. Além disso, ele ressalta que a conclusão de que há muitas igrejas no país revela um grau de preconceito religioso, uma vez que os estabelecimentos de cunho religioso atendem a diferentes credos e devem ser considerados como parte da diversidade religiosa brasileira.
Outro ponto levantado pelos pesquisadores é a falta de identificação da vinculação religiosa dos estabelecimentos, o que faz com que a conclusão de que a maioria desses locais seja composta por templos evangélicos seja equivocada. Além disso, o Brasil é um país religioso, com uma formação religiosa plural, e deve ser visto como um exemplo de tolerância religiosa em um mundo onde isso é cada vez mais necessário.
O especialista do Instituto de Estudos da Religião (Iser), Ronilso Pacheco, também critica a comparação dos dados e ressalta que a discussão sobre o número de estabelecimentos religiosos no país muitas vezes é enviesada por preconceitos. Ele chama atenção para a ideia errônea de que a abertura de templos religiosos diminui o investimento em escolas e hospitais, o que reforça estereótipos e preconceitos sobre a religião e a falta de assistência do Estado.
Portanto, fica evidente que a comparação entre o número de estabelecimentos religiosos, escolas e hospitais no Brasil é muito mais complexa do que uma simples análise numérica, e deve considerar o contexto religioso, social e político do país. A diversidade religiosa e a coexistência de diferentes credos devem ser vistas como um patrimônio cultural e um exemplo de tolerância para o mundo.