O glioma do tronco cerebral, também conhecido como glioma pontino intrínseco difuso (DIPG), afeta predominantemente crianças com idades entre 4 e 6 anos, mas também pode ocorrer em adultos. Os sobreviventes desse tipo de tumor são raros, e a maioria das crianças diagnosticadas não sobrevive além de um ano após o diagnóstico. A situação era considerada desafiadora para Lucas, que recebeu o diagnóstico aos 6 anos de idade, quando não havia nenhum registro de cura para a doença.
Diante das perspectivas sombrias, Lucas e sua família decidiram explorar uma nova abordagem de tratamento. Juntos, viajaram da Bélgica para a França, onde ele se tornou participante de um ensaio clínico chamado Biomede. Esse estudo tem como objetivo testar a eficácia de potenciais medicamentos no tratamento do glioma pontino intrínseco difuso.
O oncologista Jacques Grill, que lidera o programa de tratamento de tumores cerebrais no centro de câncer Gustave Roussy, em Paris, relatou que Lucas apresentou uma resposta promissora desde o início do tratamento com o medicamento Everolimus. Os exames de ressonância magnética revelaram que o tumor de Lucas desapareceu completamente nos primeiros meses de administração do medicamento. No entanto, o tratamento só foi interrompido há aproximadamente um ano e meio.
Embora outras sete crianças participantes do mesmo estudo tenham conseguido sobreviver vários anos após o diagnóstico, apenas o caso de Lucas registrou a completa remissão do tumor. O Dr. Grill comentou: “Não temos conhecimento de nenhum outro caso semelhante ao dele em todo o mundo”.
Os médicos ainda estão investigando por que algumas crianças respondem melhor ao tratamento do que outras. Eles suspeitam que isso possa estar relacionado a características biológicas individuais dos tumores. Grill observou que o tumor de Lucas apresentava uma mutação extremamente rara, o que pode ter tornado as células tumorais mais sensíveis ao medicamento.
Embora os resultados sejam promissores e representem uma nova esperança para o tratamento do glioma pontino intrínseco difuso, os pesquisadores reconhecem que ainda há um longo caminho a percorrer até que essa opção de tratamento esteja disponível para todos os pacientes. Indicam que, em média, leva de 10 a 15 anos para que um medicamento experimental se torne uma droga aprovada, ressaltando a natureza longa e complexa do processo de desenvolvimento e aprovação de novos tratamentos médicos.