Os resultados do estudo, publicados na revista JAMA Network Open, ressaltam a importância de considerar doenças hepáticas em pacientes que apresentam comprometimento cognitivo. A análise foi realizada com mais de 177 mil veteranos dos Estados Unidos com diagnóstico de demência, porém sem o diagnóstico de cirrose, ao longo de uma década.
Os pesquisadores utilizaram uma ferramenta para avaliar o risco de doenças hepáticas com base na idade e em biomarcadores específicos, e descobriram que 10,3% dos veteranos tinham alta probabilidade de ter cirrose e encefalopatia hepática.
A cirrose é uma doença hepática caracterizada por processos inflamatórios que levam à destruição de células do fígado, comprometendo suas funções vitais. Como resultado, o fígado deixa de realizar atividades importantes como produção de bile, proteínas, colesterol, além de processamento de nutrientes, medicamentos e álcool.
A encefalopatia hepática é uma condição decorrente da cirrose, caracterizada pelo acúmulo de toxinas no cérebro que pode causar declínio na função cerebral, levando a sintomas associados à demência.
Jasmohan S. Bajaj, professor da Divisão de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição do Departamento de Medicina da Virginia Commonwealth University e autor principal do estudo, ressaltou a importância de investigar se pacientes com demência possuem cirrose ou encefalopatia hepática. Para os pesquisadores, se a demência estiver relacionada à encefalopatia hepática, pode ser reversível por meio de tratamentos específicos.
Segundo Bajaj, cerca de 10% dos pacientes com demência têm cirrose e até metade deles possuem um componente de encefalopatia hepática tratável. Isso significa que um grande grupo de pacientes poderia recuperar parte de suas funções cognitivas com terapias simples.
Essas descobertas oferecem uma nova perspectiva sobre a demência e a importância de considerar as condições do fígado ao avaliar pacientes com declínio cognitivo, abrindo caminho para novas abordagens terapêuticas e tratamentos específicos.