De acordo com André Bacchi, farmacêutico e professor de Farmacologia e Prática Baseada em Evidências na Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), a ressaca é causada principalmente pela intoxicação decorrente do álcool. Ele explica que o álcool precisa ser metabolizado em várias substâncias antes de ser eliminado do organismo, mas não há nenhum medicamento que possa interferir nesse processo, minimizando suas consequências.
Mesmo o conhecido Engov, que se tornou famoso pela frase “um Engov antes, outro depois”, não é capaz de prevenir a ressaca. O fabricante do medicamento alerta que ele não deve ser combinado com álcool. Bacchi explica que o Engov contém várias substâncias atuando simultaneamente, mas nenhuma delas interfere na intoxicação causada pelo álcool.
Outro ponto importante destacado pelo farmacêutico é que a combinação de álcool com ácido acetilsalicílico, presente no Engov, pode prejudicar o estômago, aumentando o risco de gastrite e sangramentos gastrointestinais. Além disso, o medicamento e o álcool têm efeito sedativo, o que pode resultar em sedação aumentada e até mesmo coma alcoólico.
A coordenadora do Curso de Farmácia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP), Amouni Mourad, reforça que o corpo humano dá sinais de alerta quando o consumo de álcool está excedendo os limites, como dor de cabeça, náusea e enjoos. Mascarar esses sintomas com medicamentos, como o Engov, pode permitir que a pessoa continue a consumir álcool excessivamente, o que pode resultar em coma alcoólico e outros incidentes.
Em relação à bula do Engov, o fabricante do medicamento informa que ele não deve ser usado por pacientes com histórico de alcoolismo crônico e é contraindicado com outras substâncias que deprimem o sistema nervoso central, incluindo as bebidas alcoólicas. Além disso, o Engov é indicado para alívio de dor de cabeça, azia e sintomas de alergia, mas não deve ser combinado com álcool.
Amouni destaca que a melhor forma de evitar a ressaca é não beber em jejum, se manter hidratado e evitar o consumo de bebidas alcoólicas de procedência duvidosa. E, em caso de ressaca, é mais indicado combater os sintomas de forma pontual, utilizando analgésicos específicos para dor de cabeça, por exemplo, ao invés de recorrer a um medicamento com vários componentes.
Portanto, a automedicação e a combinação de álcool com medicamentos como o Engov podem representar riscos à saúde, sendo importante buscar orientação médica e adotar medidas mais saudáveis para evitar ou tratar a ressaca.