Segundo a ONG, três fatores principais contribuíram para esse aumento assustador de denúncias. Em primeiro lugar, as demissões em massa realizadas pelas grandes empresas de tecnologia afetaram as equipes de segurança, integridade e moderação de conteúdo, resultando em uma menor capacidade de fiscalização e combate a esses crimes. Além disso, a proliferação da venda de imagens de nudez e sexo autogeradas por adolescentes e o uso de inteligência artificial para a criação desse tipo de conteúdo também foram apontados como motivadores desse aumento das denúncias.
Além das questões relacionadas à exploração sexual infantil, a Safernet também registrou um recorde no total de denúncias de outras violações de direitos humanos e crimes de ódio na internet. Em 2023, a organização recebeu um total de 101.313 queixas, superando o recorde anterior registrado em 2008. Dentre os crimes de ódio praticados na internet, a xenofobia e a intolerância religiosa tiveram um aumento significativo em relação a 2022. A guerra na Faixa de Gaza, na Palestina, foi apontada como um dos motivos para esse crescimento.
No entanto, houve uma queda no número de denúncias de alguns crimes de ódio em 2023, em comparação com o ano anterior. O racismo diminuiu 20,36%, a LGBTfobia caiu 60,57% e a misoginia teve uma redução de 57,56%. A Safernet explicou que essa queda já era esperada, uma vez que o número de denúncias desses tipos de crimes costuma aumentar em anos eleitorais, um comportamento que foi observado nos anos de 2018, 2020 e 2022.
Diante desses dados alarmantes, é evidente a necessidade de uma ação mais efetiva por parte das plataformas online, das autoridades e da sociedade em geral para combater a disseminação de conteúdos criminosos e prejudiciais na internet.