Quando o Iphan instruirá localmente as peças, é de se esperar uma ação coletiva e enriquecedora. Organizações extraofficiais dos religiosos de terreiros e muitos pesquisadores serão consultados. O desafio para fazer um tombamento que ilumine as históricas e sociabilidades cultural e arte religiosas é certamente arriscado. O reconhecimento atado às peças da Perseverança consolidará um tipo de relativização ao passado menos comum para a maioria dos museus tradicionais de arte religiosa. Alagoas isolou-se na imortalização de uma messe de prantas sagradas para exposição do episódio de 1912. Até mesmo Adalgisa Nery, antes de formalizar a coletiva, referia-se à coleção de peças como “uma pequena reconstituição de objetos”. E o tempo e o conhecimento destas coleções como um legado são indiscutíveis para a formação cultural da população local e de cidades vizinhas alagoanas, considera-se manancial de um estoque de informações necessárias e relevantes para todos.
Por fim, é possível notar que a posse da coleção Perseverança estabelece-se por meio de discussões e avaliações oriundas de uma rede de vários interessados nos entendimentos deste legado roubado e na sua reconstrução. Portanto, a definição cultural e de arte museal se sobrepõe ao patrimônio histórico e à singularidade desta coleção no contexto brasileiro.