O Ministério das Relações Exteriores (MRE) expressou preocupação com a diminuição das contribuições financeiras à Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para os Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA). Isso aconteceu após denúncias de envolvimento de funcionários da ONU no conflito que teve início em outubro do ano passado, na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza. Com a suspensão das contribuições à agência internacional por algumas nações, o Itamaraty vê o risco de agravamento da crise humanitária no território palestino.
A Faixa de Gaza tem sido alvo de operações militares israelenses desde outubro e sofre com a destruição da infraestrutura civil. Como resultado, a população tem sido forçada a se transferir e sofre com o colapso dos sistemas de saúde, fornecimento de água, energia e distribuição de alimentos.
O Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota enfatizando que as denúncias não devem justificar a redução das contribuições vitais ao funcionamento da UNRWA. Segundo o MRE, a ajuda humanitária prestada pela UNRWA é crucial para a população civil palestina na Faixa de Gaza. Desde outubro de 2023, a UNRWA realiza atendimento vital a mais de 1,4 milhão de pessoas na região.
A nota também informou que o Brasil está acompanhando de perto a investigação interna da ONU sobre o suposto envolvimento de funcionários da agência que presta assistência aos palestinos. O Brasil confia que as investigações em curso, conduzidas pelo Escritório de Serviços de Supervisão Interna das Nações Unidas (OIOS), levarão a um desfecho satisfatório.
O governo brasileiro reafirmou o pedido de interrupção das hostilidades na região e a imediata libertação dos reféns em poder do Hamas, organização que controla a Faixa de Gaza. O Brasil defende a solução de dois Estados na região e permanece comprometido com a defesa de um Estado palestino economicamente viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas.
No entanto, a situação financeira da UNRWA é crítica. Nove países suspenderam temporariamente seus financiamentos à agência, ameaçando o trabalho humanitário em curso, conforme noticiado pela própria agência da ONU. Se o financiamento continuar suspenso, as atividades da entidade na região podem ser encerradas até o final de fevereiro, afetando milhões de pessoas que dependem da assistência da UNRWA.
Autoridades internacionais, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, manifestaram-se contra a suspensão do financiamento, destacando a necessidade de apoio urgente à população de Gaza.
