Durante esse período de 10 anos, houve um aumento de 30% nos casos de hanseníase em idosos com mais de 60 anos, enquanto houve uma redução de 44% nos casos em crianças e adolescentes menores de 15 anos. A hanseníase é uma doença infecciosa, causada por uma bactéria e transmitida através de vias aéreas. O desenvolvimento da doença no organismo está diretamente relacionado à imunidade de cada indivíduo, e o diagnóstico costuma ser feito por um infectologista ou dermatologista.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia, Marco Frade, a falta de tratamento adequado pode levar a sintomas graves e causar incapacidade física, uma vez que a doença pode afetar os nervos motores. Um dos desafios do diagnóstico é que nem sempre a hanseníase se manifesta através das manchas na pele, dificultando a identificação da doença.
Um exemplo disso é a experiência da ativista Francilene Mesquita, que passou por diversos médicos até receber o diagnóstico de hanseníase aos 29 anos. Ela sofria de dormência nos nervos dos braços e pernas, mas não apresentava as manchas características da doença. O diagnóstico correto só veio após uma avaliação minuciosa de um médico reumatologista.
Em relação à distribuição dos casos no Brasil, a região Centro-Oeste registrou a maior taxa de detecção da doença, seguida pelo Norte. Por outro lado, o Rio Grande do Sul apresentou baixa endemicidade, com uma taxa de apenas 0,81 casos novos por 100 mil habitantes. Diante desse cenário, o Ministério da Saúde prevê investir cerca de R$ 55 milhões em ações de prevenção e tratamento da hanseníase em todo o país. A maior parte desse montante, R$ 50 milhões, será destinada a municípios classificados como de alta endemia.
A estratégia faz parte do Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente (Ciedds), e busca combater a propagação da doença e melhorar o diagnóstico precoce por meio de informação e treinamento dos profissionais de saúde.