Segundo a Polícia Federal, esse monitoramento teria sido feito sem autorização judicial, por meio da ferramenta First Mile, utilizada para geolocalização de dispositivos móveis.
Alexandre Ramagem, delegado da Polícia Federal, foi nomeado diretor-geral da Abin em 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e deixou o cargo em março de 2022. As suspeitas levantadas contra Ramagem foram comentadas pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que afirmou que a operação da PF contra Ramagem é uma perseguição devido à sua ligação com Bolsonaro.
A utilização irregular do sistema de geolocalização já havia sido denunciada à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) por operadoras de telefonia. A Anatel confirmou que há três processos a respeito do assunto em andamento.
A Operação Vigilância Aproximada cumpre 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares que incluem a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais. Ao todo, 18 diligências de busca e apreensão estão sendo cumpridas em Brasília, uma em Juiz de Fora (MG), uma em São João Del Rei (MG) e uma no Rio de Janeiro.
As provas obtidas pela PF indicam que o grupo investigado criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas do Estado para produzir informações para uso político e midiático, interferindo até mesmo em investigações da Polícia Federal.
Em outubro de 2023, a Abin informou que sua Corregedoria-Geral havia concluído o processo de correição extraordinária sobre o sistema de geolocalização usado por servidores do órgão e instaurou uma sindicância investigativa interna para apurar se o sistema, adquirido em 2018, foi utilizado de forma irregular.
Na época, o Ministério Público Federal também abriu um procedimento para apurar a denúncia sobre o uso irregular do sistema pela Abin e a PF instaurou um inquérito para averiguar o caso.
A defesa de Alexandre Ramagem não foi contatada para comentar o assunto.