A Conitec terá 180 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 90 dias, para analisar a proposta. Casos recentes, como o do menino Pedro, filho da antropóloga Beatriz Matos e do indigenista Bruno Pereira, assassinado em 2022, trouxeram à tona a necessidade de tratamento para crianças diagnosticadas com neuroblastoma. Estima-se que no Brasil surjam 387 novos casos de neuroblastoma por ano, com metade classificados como alto risco.
O laboratório Recordati reafirmou o compromisso de oferecer acesso público ao medicamento, que é recomendado para neuroblastoma de alto risco por agências internacionais de avaliação de tecnologias de saúde. No Brasil, o medicamento foi autorizado pela Anvisa em 2021, mas sem aprovação da Conitec, o tratamento só pode ser realizado na rede privada.
O Qarziba é indicado para pacientes a partir dos 12 meses que já foram tratados com quimioterapia e passaram por outros tratamentos. O medicamento foi utilizado em estudos clínicos em diversos países e visa melhorar a sobrevida dos pacientes.
A oncologista Arissa Ikeda, do Instituto Nacional do Câncer, destacou a evolução dos tratamentos para crianças com neuroblastoma nos últimos anos. No entanto, famílias têm enfrentado dificuldades para obter acesso a medicamentos de alto custo, muitas vezes precisando recorrer a vaquinhas para arrecadar recursos.
O Ministério da Saúde manifestou interesse em acompanhar e apoiar os avanços tecnológicos para tratamentos que possam ser incorporados ao SUS. Até então, nenhuma empresa havia solicitado a incorporação de um novo medicamento para o tratamento da neuroblastoma no sistema público de saúde. O governo está pronto para iniciar o processo de avaliação assim que a solicitação for feita pela empresa fabricante do medicamento.