Esta rota é vital para petroleiros e cargueiros que transportam produtos e insumos industriais chineses para a Europa, pelo Mar Mediterrâneo. No entanto, com a ameaça de mísseis e drones dos Houthis, as quatro maiores transportadoras marítimas do mundo e a companhia British Petroleum anunciaram que não utilizarão o Canal de Suez, optando por rotas mais longas e caras pelo Índico e pelo Atlântico para chegar à Europa. “Os navios estão procurando caminho mais longo. E tudo fica mais lento e mais caro”, observa o historiador Bernardo Kocher, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e especialista em Oriente Médio.
Além dos impactos logísticos, os ataques também geraram impactos econômicos, como o encarecimento e demora no fornecimento de bens duráveis e de consumo, e pressionaram por altas no preço do barril do petróleo. O petróleo fechou em alta de 1% no mercado internacional após os Estados Unidos e a Grã-Bretanha realizarem mais de 70 bombardeios a bases dominadas pelos Houthis no Iêmen, refletindo a preocupação com a situação no Oriente Médio e o impacto global.
Com a entrada dos Houthis no conflito ao lado do Hamas, um novo eixo de resistência contra Israel e a influência norte-americana no Oriente Médio se forma, apresentando desafios políticos, econômicos e bélicos para os atores envolvidos. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deverá enfrentar desafios tanto na política interna quanto externa, com as derrotas no Oriente Médio impactando sua popularidade.
Para Bernardo Kocher, as derrotas no exterior têm impacto na popularidade de Biden e podem influenciar a sua reeleição: “Que condições tem de concorrer um presidente que está perdendo duas guerras? O presidente Biden [já] perdeu a Guerra da Ucrânia [ainda em andamento] e a guerra em Gaza, que é um desastre humanitário.” A situação atual no Oriente Médio continua a ser um grande desafio tanto para os envolvidos no conflito quanto para a comunidade internacional.