Os pesquisadores utilizaram diferentes metodologias para coletar os dados e chegaram a conclusões que foram publicadas com ressalvas no periódico científico Biomedicine & Pharmacotherapy. O estudo também estima que o uso da hidroxicloroquina pode estar associado a um aumento de 11% na taxa de mortalidade de pacientes hospitalizados.
No entanto, os autores do estudo ressaltam as limitações e imprecisões do mesmo, destacando que o número de mortes estimado pode estar tanto sub quanto superestimado. Eles alertam para o perigo de mudar a recomendação de um medicamento com base em evidências fracas, especialmente no manejo de futuras emergências, enfatizando a importância de produzir rapidamente evidências de alto nível em testes clínicos randomizados para doenças emergentes.
Originalmente indicada para o tratamento de doenças como malária, lúpus e artrite, a hidroxicloroquina foi defendida por autoridades políticas, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, mesmo depois de evidências científicas mostrarem sua ineficácia e riscos no tratamento da covid-19. A Organização Mundial da Saúde suspendeu os testes para tratamento da doença com o medicamento nos primeiros meses da pandemia, reconhecendo sua ineficácia e visando preservar a segurança dos pacientes.
Além disso, o estudo publicado pelos pesquisadores franceses e canadenses reforça que o uso prolongado da hidroxicloroquina aumenta o risco de problemas cardiovasculares, citando um estudo de colegas brasileiros que relaciona o medicamento a efeitos colaterais no coração e no fígado.
Essas descobertas levantam questionamentos sobre a tomada de decisões médicas com base em evidências científicas sólidas, especialmente em situações emergenciais. Apesar das limitações do estudo, ele lança luz sobre a importância de avaliações criteriosas e da realização de testes clínicos randomizados para garantir a eficácia e segurança de medicamentos utilizados no tratamento de doenças emergentes.