O processo teve início em julho, resultando em uma decisão liminar da Justiça que determinou que a Cimed retirasse o Ressaliv After das prateleiras, considerando a semelhança notável entre os produtos. A Hypera acionou a Justiça quando a Cimed se preparava para lançar o Ressaliv After, buscando uma tutela de urgência para impedir que o produto fosse disponibilizado com a primeira versão da embalagem.
Apesar da negação do pedido em primeira instância, a Cimed foi proibida de comercializar o produto na segunda instância, sujeita a uma multa de R$ 10 mil, limitada a um máximo de R$ 300 mil. O lançamento oficial do Ressaliv After ocorreu em setembro, com uma nova embalagem, mas a Hypera alegou que a Cimed não estava cumprindo a liminar e, após um vai e vem processual, o Tribunal de Justiça de São Paulo ordenou que a empresa recolhesse todos os produtos já lançados.
As ambições da Cimed com o Ressaliv são consideráveis. O CEO da empresa, João Adibe Marques, afirmou que a linha Ressaliv visa coroar o objetivo de ser líder em medicamentos sem receita médica no Brasil. A empresa busca um faturamento de R$ 100 milhões com a linha, que inclui desde um suplemento alimentar pré-“esbórnia” até um flaconete com sabor de abacaxi para combater a má digestão.
Segundo estimativas da IQVIA, o mercado de medicamentos antirressaca movimenta R$ 450 milhões por ano no Brasil, evidenciando o potencial desse segmento. O desenrolar desse processo coincide com um período de crescimento exponencial da Cimed, que lançou 50 produtos em 2022 e registrou um faturamento de R$ 3 bilhões em 2023, com perspectiva de atingir R$ 5 bilhões neste ano. Enquanto isso, a Hypera alcançou uma receita líquida de R$ 6 bilhões nos primeiros nove meses de 2023, representando um aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Em resposta às perguntas sobre o caso, a Cimed declarou em nota que “retirou os produtos dos pontos de venda e está trabalhando no desenvolvimento de uma nova versão”. Já a Hypera, ao ser procurada, se recusou a comentar as ações judiciais em andamento.
Diante do impasse, o desfecho dessa disputa nos tribunais brasileiros continuará sendo acompanhado de perto, pois as consequências podem ter um grande impacto no mercado de medicamentos para ressaca e, consequentemente, nas estratégias de ambas as empresas envolvidas. A decisão final poderá estabelecer precedentes importantes e redefinir limites no que diz respeito à concorrência no setor de medicamentos sem receita médica.