Durante entrevista, Yohana descreve o período de recuperação como tranquilo e afirma que se sente completamente natural com a genitália após a cirurgia. Ela destaca a importância do acompanhamento psicológico e a preparação psicológica antes do procedimento, enfatizando que a busca pela redesignação não é apenas estética, mas também uma questão de saúde mental e bem-estar.
A coordenadora do Ambulatório Transexualizador do Hupes, Luciana Oliveira, ressaltou a importância da cirurgia para o bem-estar psicológico da pessoa. Yohana também destaca que a plenitude que sente após a cirurgia a faz raramente se lembrar de que precisou passar pela operação, e que se sente satisfeita ao se olhar no espelho e perceber a “naturalidade” de seu corpo e mente.
Além disso, Yohana destaca a importância de sua exposição pública para inspirar outras pessoas trans que buscam a redesignação. Ela enfatiza que a cirurgia não é apenas uma questão estética, mas uma mudança que permite manter a saúde mental.
O Hospital Universitário da UFBA, conhecido como Hospital das Clínicas, possui um centro de cirurgia de redesignação sexual credenciado pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia. A unidade espera receber também o credenciamento do Ministério da Saúde para ampliar a oferta de cirurgias.
No Brasil, o sistema realiza o procedimento de redesignação sexual desde 2010 para mulheres trans e desde 2019 para homens trans. A cirurgia já beneficiou mais de 400 pessoas no país e nove unidades do SUS estão credenciadas pelo Ministério da Saúde para realizar o procedimento.
Em novembro de 2023, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, que as operadoras de planos de saúde são obrigadas a cobrir as cirurgias de redesignação sexual. No entanto, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) afirma que esta cobertura não é obrigatória para os planos de saúde e que a decisão do STJ não se aplica a todos os casos.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou que o processo de redesignação sexual, em sua totalidade, não está no rol de procedimentos e eventos em saúde com cobertura obrigatória pelos planos de saúde. No entanto, alguns procedimentos que integram a redesignação, como a mastectomia e a histerectomia, são cobertos pelos planos de saúde quando solicitados pelos médicos.
A cirurgia de redesignação sexual representa um passo importante para a saúde e bem-estar das pessoas trans, e a decisão do STJ pode representar um avanço na acesso a esse procedimento no Brasil.