O aumento no número de casos de dengue tem sido atribuído, em parte, à crise climática, que tem elevado a temperatura em nível global. Isso tem favorecido a sobrevivência do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, em ambientes onde anteriormente isso não ocorria. Além disso, o fenômeno El Niño de 2023 contribuiu para agravar os efeitos do aquecimento global e das alterações climáticas, intensificando ainda mais a propagação da doença.
A OMS relatou mais de 5 milhões de infecções por dengue e 5 mil mortes pela doença em todo o mundo. A maior parte desses casos foi notificada nas Américas, representando 80% do total, com destaque para o Brasil, que concentrou o maior número de infecções, seguido por Peru e México.
No Brasil, foram registrados 1.474 casos de dengue grave, uma variação da doença conhecida como dengue hemorrágica. O país é o segundo da região com o maior número de casos graves, atrás apenas da Colômbia.
O aumento na incidência da dengue também tem se expandido para outros países antes livres da doença, como França, Itália e Espanha. Estes países reportaram casos de infecções originadas localmente, provocadas pelo mosquito Aedes aegypti, amplamente distribuído na Europa.
No Brasil, um levantamento feito pela plataforma AdaptaBrasil indicou que as mudanças climáticas podem levar à proliferação de vetores, como o mosquito Aedes aegypti, e ao agravamento de arboviroses, incluindo dengue, zika e chikungunya. A plataforma é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Além disso, a dengue é a infecção viral mais comum transmitida por mosquitos infectados em áreas urbanas com clima tropical e subtropical. Os principais sintomas da dengue incluem febre alta, dores articulares e musculares, mal-estar, falta de apetite e manchas vermelhas na pele.
Para combater a infestação de mosquitos, o Ministério da Saúde orienta a eliminação de criadouros e a proteção contra picadas, especialmente nas áreas de transmissão do mosquito Aedes aegypti.
Nesta quinta-feira (21), o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra a dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS). Denominada Qdenga, a vacina será direcionada, inicialmente, a públicos e regiões prioritárias. A incorporação do imunizante foi analisada e aprovada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec).
Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, a vacina é um instrumento importante para o controle da dengue no país. Ele enfatizou que a dengue tem impactado praticamente todo o território nacional e que o controle do mosquito transmissor tem sido insuficiente para conter a propagação da doença.
O Ministério da Saúde informou que está monitorando constantemente o cenário da dengue no país e repassou R$ 256 milhões para apoiar estados e municípios nas ações de controle da doença. Além disso, foi instalada uma Sala Nacional de Arboviroses para monitoramento em tempo real das áreas com maior incidência de dengue, chikungunya e Zika.
A população foi orientada a intensificar os esforços e medidas de prevenção para reduzir a transmissão da doença e buscar atendimento médico ao apresentar os primeiros sintomas, a fim de evitar o agravamento dos casos. Cerca de 11,7 mil profissionais de saúde foram capacitados em 2023 para lidar com a dengue.
O Brasil está enfrentando uma grave crise de dengue, com números recordes de casos da doença em 2023, e medidas de prevenção e controle são urgentemente necessárias para mitigar os impactos devastadores da epidemia.