Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, nem todo trabalho realizado por pessoas de 5 a 17 anos é considerado trabalho infantil. A pesquisa adotou critérios como faixa etária, tipo de atividade desenvolvida, horas trabalhadas, frequência à escola, realização de trabalho infantil perigoso e atividades econômicas em situação de informalidade para definir o que é considerado trabalho infantil.
A pesquisa apontou que mais de dois terços das crianças e adolescentes trabalhando eram do sexo masculino, com 65,1% do total. A maioria dos trabalhadores infantis, 52,5%, tinha entre 16 e 17 anos. Além disso, 756 mil crianças e adolescentes exerciam as piores formas de trabalho infantil, o que envolve risco de acidentes ou é prejudicial à saúde.
A frequência à escola entre os trabalhadores infantis foi menor do que o restante da população de 5 a 17 anos. Enquanto 97,1% da população frequentava a escola, essa proporção caía para 87,9% entre as crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. Além disso, a maior parte (98,5%) das crianças de 5 a 13 anos em situação de trabalho infantil frequentava a escola, mas a taxa caía para 79,5% entre os adolescentes de 16 e 17 anos.
A pesquisa também apontou que o trabalho infantil era mais frequente entre adolescentes com 16 e 17 anos. Nestas idades, 16,3% estavam nessa situação em 2022. As jornadas mais longas eram as dos adolescentes entre 16 e 17 anos, com 32,4% trabalhando por 40 horas ou mais por semana. Dentre os adolescentes de 16 e 17 anos trabalhando nas atividades econômicas, a taxa de informalidade era de 76,6%, o que corresponde a 810 mil trabalhadores informais.
Portanto, os resultados da pesquisa do IBGE sugerem que o trabalho infantil ainda é uma realidade preocupante no Brasil, representando um desafio para as políticas públicas e para a sociedade como um todo.