A análise por regiões revelou que somente o Nordeste apresenta um percentual de secretárias de estado acima da média nacional, com 37,2% das mulheres ocupando estes cargos. No entanto, a maior parte das mulheres (47,1%) nestes cargos encontra-se na região do Nordeste. Quanto à representatividade de pessoas pretas e pardas, as regiões do Nordeste (13,5%) e Norte (13,7%) são as únicas que apresentam um percentual acima da média nacional, sendo que 81,7% dos secretários estaduais pretos e pardos estão concentrados nestas áreas.
De acordo com o coordenador do Gemaa e professor de Ciência Política da Uerj, Luiz Augusto Campos, a baixa presença de pessoas pretas e pardas no secretariado reflete um déficit democrático, uma vez que as políticas públicas estaduais impactam significativamente a população preta e parda, mas são geridas majoritariamente por secretários brancos e homens.
O diretor de Conhecimento, Dados e Pesquisa da Fundação Lemann, Daniel de Bonis, ressaltou que a pesquisa tem como objetivo evidenciar a falta de dados sobre o perfil racial, de gênero e socioeconômico dos altos dirigentes públicos, apontando a deficiência na visibilidade deste grupo que influencia diretamente as políticas públicas.
Bonis defende que a diversidade e inclusão são fundamentais para modificar essa situação, uma vez que os espaços de poder no país ainda são majoritariamente ocupados por homens brancos, semelhante ao que se encontra no Congresso Nacional. Ele também ressalta que a ausência de diversidade e inclusão coloca o Brasil em desvantagem em termos internacionais, dificultando a democratização plena desses espaços.
A pesquisa mapeou 572 secretários e secretárias estaduais nas 27 Unidades da Federação, classificando as pastas por campo de atuação – social, econômica, infraestrutura ou órgãos centrais. Este levantamento reforça a necessidade de políticas efetivas que promovam a diversidade e inclusão nos cargos de liderança, visando uma representação mais fiel da sociedade brasileira.