No entanto, mesmo diante da vedação a qualquer justificação ou esclarecimento de manifestações durante a votação, sites, jornais e redes sociais publicaram informações indicando como cada senador poderia ter votado, embora seja impossível comprovar pelo sistema do Senado. Quem divulgou as informações alega que a lista dos que votaram “sim” ou “não” e os que se abstiveram da votação refere-se às manifestações dos próprios senadores, apesar da maioria dos parlamentares não ter feito nenhum tipo de declaração nesse sentido.
A apreciação da indicação de autoridades, como ministros do STF e procuradores-gerais da República, está entre as funções privativas do Senado. A exigência constitucional é que a votação ocorra de forma secreta, tanto nas comissões temáticas quanto no Plenário da Casa, concluindo a etapa final do processo.
Quando há uma votação secreta, cada senador registra seu voto em um pequeno painel à sua frente, após digitar sua senha. O sistema é eletrônico e os painéis mostram apenas os dados referentes ao resultado da deliberação. O consultor legislativo do Senado, Renato Monteiro de Rezende, explica que o segredo do voto nesses casos está ligado ao receio das possíveis reações a que a publicidade pode levar.
Um estudo realizado pelo consultor sobre o voto secreto parlamentar, seu histórico no Brasil e seu tratamento no direito comparado apresenta uma análise profunda de bibliografias sobre o tema. Rezende sugere que a opção de voto sigiloso pode inibir o votante de emitir sua opinião sincera a respeito da matéria posta em deliberação, por temor de reprovação moral.
Além disso, ele destaca que sistemas de votação realmente secreta reduzem o espaço não apenas para represálias do Poder Executivo, mas também para suas tentativas de cooptação por sanções premiais, mediante a compra de votos. Portanto, o voto secreto, em um sentido estrito, retira qualquer possibilidade de o corrupto provar cabalmente ao corruptor que cumpriu sua parte no acordo.
Em suma, o voto secreto, apesar de gerar desconfiança e especulações, é uma prática que busca proteger os parlamentares de possíveis represálias e coerções, garantindo uma decisão isenta e fundamentada.