Segundo o coordenador científico da plataforma, Jean Ometto, as condições climáticas mais favoráveis, como temperaturas mais altas e maior precipitação, podem levar a uma maior proliferação de mosquitos, principalmente no verão, época em que normalmente há maior incidência de dengue e chikungunya. Além disso, a vulnerabilidade e a exposição da população também são avaliadas, identificando quais regiões e grupos populacionais estão mais suscetíveis ao surgimento e propagação dessas doenças.
Ometto ressalta que o problema das doenças provocadas por vetores é também um problema social, uma vez que populações mais vulneráveis, com condições de saúde e habitação precárias, tendem a ser mais suscetíveis a adoecer. Segundo ele, o país ainda não está preparado para lidar com situações emergenciais, como picos de doenças. Durante a pandemia da covid-19, a falta de infraestrutura adequada e de capacitação dos profissionais de saúde pôde ser observada, impactando de forma mais severa as populações mais vulneráveis.
A plataforma AdaptaBrasil pretende ser uma ferramenta para o planejamento de ações de saúde pública, levando em consideração os impactos das mudanças climáticas na proliferação de doenças. O objetivo é oferecer informações atualizadas e baseadas na melhor ciência disponível no país para embasar decisões e medidas preventivas.
Além do monitoramento das arboviroses, a plataforma também pretende expandir sua pesquisa para o impacto das ondas de calor na saúde da população. O pesquisador Jean Ometto ressalta a importância de olhar de forma sistêmica para a saúde, considerando desde a infraestrutura até a qualidade das habitações, de forma a identificar elementos nos quais é possível atuar para reduzir o risco de ocorrência dessas doenças.
Portanto, as mudanças climáticas representam um desafio para a saúde pública no Brasil, exigindo medidas eficazes de adaptação e prevenção para garantir o bem-estar da população diante dos impactos decorrentes destas mudanças.