O líder comunitário Maurício Sarmento reclamou da falta de um plano para a retirada dos moradores das comunidades de Flexal de Cima e Flexal de Baixo. Segundo ele, existe um tratamento diferenciado por parte da prefeitura e da Braskem em comparação com outros bairros da cidade afetados pela mina, onde já houve a remoção de moradores e pagamento de indenizações.
A dona de casa Malbete dos Santos Correia, 54 anos, também criticou a disparidade de tratamento em relação a outros bairros. Ela afirmou que, mesmo não querendo deixar o local onde vive desde que nasceu, está pensando em se mudar para a casa de parentes porque não tem condições de alugar outro imóvel.”Estou pensando em sair, mesmo sem proteção alguma, porque como estou vivendo não é jeito de ninguém viver. A gente não vive mais, não estamos dormindo nem nos alimentando, aqui não tem açougue, padaria, farmácia, mercadinho, não tem nada”, lamentou, dizendo que também não quer ficar em alojamentos disponibilizados pela prefeitura.
A Defesa Civil de Maceió informou que a velocidade de afundamento da mina 18, que fica abaixo do antigo campo de treinamento do clube de futebol CSA, no bairro do Mutange, é de 2,6 centímetros por hora. Existe a possibilidade iminente de afundamento de terra com danos que ainda não são presumíveis.
A Prefeitura de Maceió afirmou que disponibilizou abrigos para acolher a população de forma emergencial, diante do risco iminente de colapso da mina 18 da Braskem. Também foi solicitado apoio ao governo federal para garantir moradias à população que foi obrigada a deixar suas casas. A Braskem, por sua vez, ainda não se manifestou sobre as demandas dos moradores, informando apenas que segue o mapa de linhas prioritárias de realocação das famílias definido pela Defesa Civil.
As manifestações dos moradores também causaram a interrupção da operação dos trens e VLTs em Maceió, com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos anunciando a paralisação temporária, que permanecerá durante o sábado (2). A empresa afirmou que serão necessários reparos na via devido às manifestações que ocorreram em cima dos trilhos. A paralisação temporária se faz necessária para reparar os danos da via, avaliar a segurança dos funcionários e usuários do sistema ferroviário.