Segundo os resultados, 64% dos respondentes avaliaram positivamente o acolhimento recebido, enquanto 35,7% o classificaram como razoável ou ruim. Cerca de 20% dos entrevistados relataram experiências negativas no sistema de saúde brasileiro, incluindo desrespeito à privacidade e ao desconforto durante o atendimento, além de terem tido o diagnóstico positivo revelado sem consentimento pela equipe de saúde. A pesquisa também destacou as dificuldades enfrentadas pelos jovens, como o deslocamento até o serviço de saúde, com 21% relatando levar mais de uma hora para chegar aos centros de atendimento.
O HIV, vírus que afeta o sistema imunológico, é transmitido principalmente por contato sexual desprotegido e compartilhamento de objetos perfurantes e cortantes. A importância do tratamento adequado foi ressaltada pela chefe de saúde do Unicef no Brasil, Luciana Phebo, que observou a necessidade de reduzir as barreiras para a adesão ao tratamento. Com o avanço do conhecimento científico, a maioria dos pacientes consegue reduzir a carga viral no sangue para níveis indetectáveis, diminuindo a transmissão do vírus.
Os dados mais recentes do Ministério da Saúde indicam que o Brasil registrou 43.403 novos casos de infecção por HIV em 2022, totalizando aproximadamente um milhão de pessoas vivendo com o vírus. A busca pela meta 95-95-95 até 2030, estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), visa garantir que 95% das pessoas diagnosticadas com HIV tenham acesso ao tratamento e consigam reduzir a carga viral a níveis indetectáveis.
A pesquisa realizada pelo Unicef, com apoio técnico da empresa Oppen Social, também destacou a importância do acompanhamento psicológico durante o tratamento. Além disso, ressaltou a necessidade de clareza na comunicação sobre o processo de marcação de exames e consultas. A Unesco, responsável por conduzir as rodas de conversas e entrevistas qualitativas, destacou a importância dos coletivos de jovens para a troca de experiências e acolhimento entre pares.
Os resultados da pesquisa serão utilizados para orientar políticas públicas e ações destinadas a transformar as unidades de saúde em espaços acolhedores e empoderar redes de adolescentes e jovens vivendo com HIV, garantindo o acesso a serviços de saúde de qualidade e humanizados.