Patrimônio cultural mundial reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), desde 2017, o Cais do Valongo foi o principal porto de desembarque de africanos escravizados nas Américas durante os séculos 18 e 19, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Os vestígios do cais foram descobertos em 2011, durante escavações para obras do Porto Maravilha, projeto de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro. A descoberta trouxe à tona uma parte importante da história do Brasil, que está intrinsecamente ligada à escravização de milhões de africanos nas Américas.
“Essa memória precisa ser preservada, como um porto da nossa história e um farol de mudanças que precisam manter as pessoas negras donas de suas trajetórias do presente e do futuro e cada vez mais distantes do passado perverso da escravidão”, afirmou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em evento comemorativo ao Dia da Consciência Negra, na última segunda-feira (20).
O Cais do Valongo é o marco de um crime contra a humanidade e é crucial para entender a história e o impacto do racismo estrutural na sociedade brasileira, de acordo com Alexandre Nadai, coordenador de comunicação do Instituto Pretos Novos, voltado para a preservação do patrimônio material e imaterial afro-brasileiro.
O cais fica em uma região chamada Pequena África, que é conhecida por sua população majoritariamente negra e sua rica história ligada à diáspora africana.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também anunciou ações para preservação e valorização da memória e herança africana na Pequena África, que incluem um acordo de cooperação técnica com vários órgãos do governo e o anúncio de um consórcio que gerirá o edital Viva Pequena África.
O Cais do Valongo foi desativado em 1831, depois de receber 1 milhão de escravos, e passou por várias transformações ao longo dos anos, incluindo sua descoberta em 2011 e a criação de um comitê gestor em 2019, que foi extinto e recriado em março deste ano. Toda a história e importância desse sítio arqueológico precisam ser preservadas e divulgadas para as gerações futuras.