Grupo de 16 cientistas de diferentes áreas e de diversas instituições elaborou um relatório inédito sobre a inteligência artificial (IA) a pedido da Academia Brasileira de Ciências (ABC) que alerta para os principais riscos e benefícios que essa tecnologia avançada pode trazer ao país. O documento, intitulado “Recomendações para o avanço da inteligência artificial no Brasil”, será lançado nesta quinta-feira (9) na sede da ABC, no Rio de Janeiro, e encaminhado ao governo federal.
De acordo com o professor titular do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edmundo Albuquerque de Souza e Silva, a tecnologia está avançando muito rápido e atualmente vivenciamos uma tecnologia disruptiva, que altera substancialmente a forma como as coisas funcionam. Ele ressalta que durante a Revolução Industrial, uma tecnologia disruptiva alterou a forma da sociedade sair da agricultura para as fábricas. Agora, algo semelhante está acontecendo, mas baseado em tecnologias sofisticadas, o que terá um impacto significativo em empregos e na sociedade como um todo.
Para o professor Souza e Silva, é extremamente importante que o Brasil tome as providências necessárias para compreender e dominar essa tecnologia, caso contrário, o país ficará à mercê de tecnologias estrangeiras. O relatório também destaca a importância de investimentos em pesquisas científicas na área da IA e a necessidade de formar profissionais qualificados para trabalhar com essa tecnologia.
No entanto, o relatório também alerta para os riscos da IA, como o aumento da desigualdade e da disseminação de preconceitos. A regulamentação da IA é apontada como uma medida essencial para minimizar esses riscos. Mecanismos para evitar a disseminação de notícias falsas também devem ser criados, segundo o relatório.
Por fim, o documento ressalta o potencial de aplicação benéfica da IA, como na área da saúde, na educação, na prevenção de fenômenos climáticos, na biodiversidade, no atendimento ao cliente e em novas formas de automação, se utilizada de maneira correta e crítica.
O professor Souza e Silva finaliza ressaltando a importância do Brasil estabelecer políticas públicas e investimentos para impulsionar o desenvolvimento da IA e evitar que o país fique para trás. Ele argumenta que é preciso educar a população sobre a IA e desenvolver mecanismos que possam diminuir os riscos dessa tecnologia, além de garantir que o Brasil não seja apenas um consumidor de IA fornecida por outros países, mas sim um produtor e desenvolvedor dessa tecnologia.