Apesar do segundo mês consecutivo de crescimento, o gerente da pesquisa, André Macedo, ressaltou que o desempenho da produção industrial não altera a tendência de menor dinamismo que tem sido observada nos últimos meses. Segundo ele, o indicador ainda mostra predominância de taxas negativas, com três das quatro grandes categorias econômicas e 20 dos 25 ramos industriais investigados apresentando quedas.
Macedo também enfatizou que, mesmo com os dois meses seguidos de resultados positivos, o setor industrial ainda está abaixo do patamar pré-pandemia de fevereiro de 2020, com uma queda de 1,6%. Além disso, a produção industrial está 18,1% abaixo do nível recorde atingido em maio de 2011.
O gerente da pesquisa ainda destacou que a taxa de juros elevada tem influência direta nas decisões de investimento das empresas e de consumo das famílias, além de explicar o crédito ainda caro e as altas taxas de inadimplência.
Em relação às atividades industriais, além do crescimento de 5,6% nas indústrias extrativas, os produtos químicos (1,5%) e os produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,5%) também apresentaram contribuições positivas relevantes para o resultado da indústria no mês de setembro.
No entanto, os destaques negativos foram os setores de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-16,7%), máquinas e equipamentos (-7,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,1%). No caso dos produtos farmoquímicos e farmacêuticos, a queda interrompeu dois meses consecutivos de expansão na produção, com um ganho acumulado de 30,2% no período.
Macedo ressaltou que o setor farmacêutico é caracterizado por alta volatilidade, com quedas e avanços elevados em sequência ao longo do tempo. Ele também chamou atenção para o fato de que os três ramos que mais influenciaram negativamente a indústria em setembro tiveram impactos positivos relevantes em agosto, refletindo a característica de oscilação da produção ao longo do ano.
Comparado a setembro do ano passado, o setor industrial teve um aumento de 0,6%. Nessa comparação, observaram-se resultados positivos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 10 dos 25 ramos industriais, 28 dos 80 grupos e 38,8% dos 789 produtos pesquisados.
Os setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (11,3%), indústrias extrativas (9,1%) e produtos alimentícios (6,7%) foram as principais influências positivas para o total da indústria nessa comparação. Por outro lado, os setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-15,8%) e de máquinas e equipamentos (-12,4%) foram as maiores influências negativas.
O IBGE informou que a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Brasil produz indicadores de curto prazo desde a década de 1970, com o objetivo de acompanhar o comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação. A partir de março de 2023, a pesquisa passou por reformulações metodológicas, incluindo a atualização da amostra de atividades, produtos e informantes, a elaboração de uma nova estrutura de ponderação dos índices e a incorporação de novas unidades da federação na divulgação dos resultados regionais.
A próxima divulgação da produção industrial brasileira está prevista para o dia 1º de dezembro.