Recentemente, nos dias 19 e 20 deste mês, aconteceu a última etapa desse programa, no qual ocorreu a tutoria da cirurgia. Profissionais da BP visitaram o HU-Ufma para acompanhar as cirurgias realizadas pela equipe do hospital, discutir casos cirúrgicos, ministrar aulas e realizar visitas nas enfermarias. Essa iniciativa é fundamental para capacitar os médicos e enfermeiros do HU-Ufma, garantindo que eles se tornem especialistas no tratamento completo da endometriose.
A endometriose é uma doença que afeta entre 10 a 15% das mulheres e requer um tratamento de alta complexidade, especialmente no aspecto cirúrgico. O Brasil possui poucos centros que oferecem esse tipo de tratamento, e o programa tem como objetivo ampliar o acesso e a qualidade dos cuidados em todo o país. Durante as capacitações, os participantes tiveram a oportunidade de acompanhar cirurgias, atendimentos ambulatoriais e pós-operatórios, além de aprender sobre a realização de exames de imagem e a padronização dos protocolos clínicos.
Marina Andres, médica ginecologista e coordenadora de Ginecologia do Proadi Endometriose, explicou que o projeto se concentra em vários níveis de atendimento à saúde. Na Atenção Básica, a capacitação dos profissionais é fundamental para acelerar o diagnóstico e encaminhar as mulheres para tratamento mais rápido. Muitas vezes, as pacientes levam cerca de sete anos para serem diagnosticadas, o que acarreta sérias consequências para a saúde. Já nos centros especializados, como o HU-Ufma, a capacitação é voltada para a realização de exames de imagem e cirurgias, visando melhorar o tratamento e padronizar os protocolos em todo o país.
A participação no programa trouxe benefícios significativos para o HU-Ufma. O cirurgião ginecológico João Beltrão destacou a importância da capacitação no aprimoramento das técnicas cirúrgicas e no diagnóstico por ultrassom com preparo intestinal. Além disso, a chefe da Unidade de Saúde da Mulher do hospital, Danielle Orlandi, ressaltou que o intercâmbio possibilitou identificar áreas de melhoria no serviço, especialmente no tratamento da endometriose profunda.
Outros hospitais vinculados à Ebserh também participaram desse programa, incluindo o Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-Ufam), o Hospital Universitário Júlio Müller da Universidade Federal de Mato Grosso (HUJM-UFMT), a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac), do Complexo Hospitalar da UFC, e o Hospital da Mulher Maria Luzia Costa dos Santos, na Bahia.
A endometriose é uma doença crônica que afeta o funcionamento normal do organismo feminino. As células do tecido que reveste o útero se movimentam para os ovários ou para a cavidade abdominal, onde se multiplicam e sangram. Os sintomas incluem cólicas menstruais intensas, dores durante as relações sexuais, dor e sangramento ao urinar e evacuar, fadiga, diarreia e dificuldade de engravidar.
O diagnóstico da endometriose inclui exames clínicos, laboratoriais e de imagem, além da realização de biópsia. O tratamento pode variar desde o uso de medicamentos para suprimir a menstruação até cirurgias para remover as lesões. A endometriose também pode causar complicações em outros órgãos da cavidade abdominal, como ovários, intestino grosso, bexiga, apêndice e vagina.
Em conclusão, a participação do Hospital Universitário da Ufma no programa “Endometriose Brasil” é uma oportunidade de aprimorar o diagnóstico e tratamento da doença. Essa capacitação possibilita a formação de equipes especializadas e o estabelecimento de uma linha de cuidado mais eficiente para as mulheres que sofrem com a endometriose.