A médica reumatologista Selma da Costa Silva Merenlender explicou que a cannabis é uma planta utilizada pelo ser humano há aproximadamente 13 mil anos. O principal produto com indicação medicinal é o canabidiol (CBD), que não causa dependência. É importante distinguir a cannabis medicinal, que contém CBD, da maconha, que contém THC, um componente com efeitos psicoativos.
Embora ainda haja poucos estudos científicos sobre os resultados e riscos do uso da cannabis medicinal, tem sido sugerido por médicos e cientistas para o tratamento de algumas doenças, como a epilepsia refratária. No Brasil, a primeira aprovação para uso da substância foi para o tratamento dessa doença em crianças. No entanto, há evidências científicas em crescimento do uso da cannabis medicinal para diversas indicações, como doenças neurológicas, reumatológicas, imunológicas, controle de peso, ansiedade e depressão.
No caso das doenças reumáticas, a cannabis medicinal tem sido indicada para síndromes dolorosas crônicas, como a fibromialgia, e para o tratamento da dor relacionada à artrite reumatoide, espondilite anquilosante e psoríase. Além de aliviar a dor, a cannabis medicinal também equilibra o organismo e melhora a qualidade de vida do paciente.
No entanto, o uso da cannabis medicinal ainda é polêmico. Embora pacientes relatem melhoras na qualidade de vida, como o deputado estadual Eduardo Suplicy, que utiliza o medicamento para tratar os efeitos da doença de Parkinson, ainda há poucos estudos científicos sobre os resultados e riscos. A médica Alessandra de Sousa Braz alerta que é necessário valorizar a cannabis medicinal, mas também conhecer os prós e contras do seu uso.
No Brasil, o uso da cannabis medicinal não é livre e precisa de prescrição médica. Atualmente, existem três formas de acesso ao canabidiol: em farmácias, por meio de associações ou por importação. Não há fornecimento gratuito de produtos à base de canabidiol pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas há projetos em tramitação no Congresso Nacional para garantir o acesso de pacientes ao SUS.
A médica Alessandra destaca a importância de mais estudos sobre os efeitos da cannabis medicinal, principalmente no tratamento da dor e nos possíveis efeitos colaterais. Ela ressalta a necessidade de normatização, com definição correta da dose, do miligrama e da posologia do medicamento.
Apesar das controvérsias, existem relatos positivos sobre o uso da cannabis medicinal. A adolescente Yasmim, diagnosticada com lúpus, artrite reumatoide e doença de Crohn, apresentou melhora na qualidade de vida desde que começou a utilizar a substância. No entanto, o custo elevado ainda é um obstáculo para muitos pacientes, já que a cannabis medicinal precisa ser importada.
Em resumo, o uso de cannabis medicinal para tratar a dor em pacientes com doenças reumáticas ainda gera dúvidas e polêmicas. Médicos e cientistas defendem o uso da substância, mas ressaltam a necessidade de mais estudos para avaliar os resultados e riscos. A cannabis medicinal tem sido indicada para diversas doenças, como a epilepsia refratária e a fibromialgia, mas seu acesso no Brasil é limitado e custoso.