A educação foi uma das áreas mais impactadas pela pandemia, com as escolas fechadas por cerca de 1 ano. Durante esse período, as instituições buscaram formas de alcançar os estudantes por meio de atividades remotas, com e sem o uso de tecnologia.
A pesquisa mostra que houve um aumento na porcentagem de escolas conectadas em comparação a 2020, no início da pandemia. Neste ano, 99% das escolas de ensino fundamental e médio em áreas urbanas possuíam conexão com a internet, enquanto nas áreas rurais esse número subiu de 52% para 85%. Entre as escolas públicas, a porcentagem aumentou de 78% para 93%, e entre as particulares, de 98% para 99%.
No entanto, ter acesso à internet não é suficiente. É necessário que as escolas disponham de equipamentos adequados para acessar a rede. De acordo com a pesquisa, 86% das escolas públicas estaduais possuem notebooks, desktops ou tablets para uso dos alunos, enquanto esse número cai para 49% nas instituições municipais. Nas áreas rurais, apenas 38% das escolas possuem esses dispositivos, enquanto nas áreas urbanas o número sobe para 78%. Entre as escolas particulares, 80% possuem equipamentos para uso dos alunos.
Além disso, o estudo também abordou a qualidade da internet nas escolas. A velocidade da conexão aumentou desde o início da pandemia, mas ainda existem desafios. No final de 2022, 52% das escolas estaduais, 29% das municipais e 46% das particulares declararam ter velocidade igual ou superior a 51 megabits por segundo (Mbps) na principal conexão da instituição.
Segundo o NIC.br, a velocidade da internet é um fator importante para o desenvolvimento das atividades escolares. No ano passado, o Grupo Interinstitucional de Conectividade na Educação (Gice) elaborou uma nota técnica que define que 1 Mbps por aluno é capaz de viabilizar a maioria das atividades escolares. Portanto, as escolas deveriam contratar um plano de 100 Mbps para atender a essa demanda.
A pesquisa TIC Educação também destacou os desafios enfrentados pelas escolas em relação à conexão. Em escolas públicas estaduais, problemas como sinal de internet fraco em salas distantes do roteador, sobrecarga da internet e baixa qualidade da conexão foram citados como obstáculos para o acesso dos alunos. Nas instituições particulares, esses problemas também foram mencionados, mas em menor proporção.
Os estudantes também apontaram dificuldades no uso da internet, como a falta de utilização da rede pelos professores em atividades educacionais e a proibição do uso de celulares e acesso à internet nas escolas. Além disso, a pesquisa mostrou que a formação de professores em tecnologias digitais ainda é um desafio, com 75% dos professores afirmando que falta um curso específico nessa área.
De acordo com o estudo, apenas 56% dos professores participaram de alguma formação continuada sobre o uso de tecnologias digitais nos últimos 12 meses. O uso dessas tecnologias na disciplina e na avaliação dos alunos foram os temas mais abordados nas formações continuadas.
Outro ponto destacado pela pesquisa foram as situações sensíveis vivenciadas pelos alunos na internet, como o uso excessivo de jogos e tecnologias digitais, o cyberbullying, a discriminação, o vazamento de imagens sem consentimento e o assédio. Os professores relataram que apoiaram os estudantes nessas situações, sendo que a porcentagem de professores que prestaram esse apoio aumentou em relação ao ano anterior.
A pesquisa TIC Educação é realizada desde 2010 e tem como objetivo investigar a disponibilidade de tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas brasileiras, bem como o uso dessas tecnologias pelos alunos e educadores.