Mânica foi condenado em maio de 2022 a 64 anos de prisão pelo crime de ser o mandante da chacina que vitimou auditores fiscais na cidade de Unaí, em 2004. Na ocasião, os auditores Eratóstenes Gonçalves, João Batista Lage e Nelson José da Silva foram mortos a tiros durante uma emboscada enquanto realizavam fiscalizações de trabalho análogo à escravidão na região. O motorista Ailton de Oliveira, que acompanhava o trio, também foi morto.
Essa não é a primeira vez que Mânica enfrenta a justiça. Em 2015, ele foi condenado a cem anos de prisão por homicídio quádruplo, qualificado por motivo torpe e mediante pagamento, sem a possibilidade de defesa das vítimas. No entanto, em 2018, a condenação foi anulada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) devido à insuficiência de provas, e um novo julgamento foi determinado, sendo realizado em 2022.
O caso chocou o país e o dia 28 de janeiro foi declarado o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo em homenagem aos trabalhadores assassinados na emboscada. Esta semana, o Tribunal Regional Federal da 6ª Região determinou a prisão imediata dos irmãos Antério e Norberto Mânica, ambos condenados pela chacina, atendendo a um pedido do Ministério Público Federal.
A defesa de Mânica considera a ordem de prisão ilegal e injusta. O advogado Marcelo Leonardo afirma que há diversas nulidades no segundo julgamento do empresário e que a defesa pediu a anulação da condenação. Segundo ele, como não há condenação definitiva, a execução provisória da pena seria incabível.
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) comentou a prisão de Mânica, ressaltando a luta dos familiares das vítimas ao longo dos últimos 20 anos. A entidade destacou que os envolvidos são pessoas de alto poder econômico, com os melhores advogados de defesa, e que sem o trabalho incansável do sindicato e das famílias, esse desfecho não teria sido alcançado.
Agora, Antério Mânica permanecerá preso enquanto aguarda os trâmites jurídicos e a decisão final sobre seu caso.