Sempre me emociono com a chegada de sobrinhos e sobrinhas. E desta vez não foi diferente. No momento em que peguei Alice no colo, fiquei extremamente feliz por ela não ter chorado. Parecia uma imensa conquista. Enquanto isso, outros bebês pelo mundo choravam ao nascer. Alice, a décima sobrinha, parecia tranquila e serena.
Em um mundo de pessoas mascaradas, Alice chegou encarando essa nova realidade. Eu sorria para ela, mas ela não podia ver o sorriso em meu rosto. No entanto, sentia um amor imenso por essa criança que acabara de conhecer. Com Alice em meus braços, desejei sinceramente que ela vivesse uma vida feliz, rodeada de amor e saúde. Afinal, todos nós já fomos amados e desejados por alguém em algum momento de nossas vidas.
Uma criança é como uma página em branco, pronta para escrever sua história. E Alice não demorou a começar a rabiscar a dela. Desde muito pequena, ela demonstra um amor pela música e pela dança. Em uma manhã em que ficamos sozinhas, enquanto o resto da família passeava, coloquei Só Pra Contrariar na caixinha de som. Ela sorriu e dançamos na grama até a volta dos familiares.
Como madrinha de Alice, me sinto privilegiada por receber tanto amor dessa pequena criança. Ela me chama de dinda e em alguns momentos está de bom humor, me abraça e beija. Em outros dias, está de mau humor e não quer nem conversar. Fico observando de longe e me perguntando de onde vem tanto amor.
Quando nos deparamos com uma criança, pensamos em seu futuro e nas dificuldades que ela enfrentará. Desejamos que ela supere todos os obstáculos que surgirem em seu caminho. E por que amamos tanto as crianças? Por que elas carregam consigo o futuro e um amor que transcende todas as barreiras?
Uma criança é um símbolo de esperança e renovação. E devemos amar e proteger não apenas nossos sobrinhos, mas todas as crianças. Devemos desejar que elas tenham uma vida digna e feliz, independentemente de onde nasçam ou das dificuldades que enfrentem.
Infelizmente, nem todas as crianças têm as mesmas oportunidades. Enquanto nos preocupamos e nos emocionamos com nossos sobrinhos e sobrinhas, outras crianças sofrem com a fome, a falta de abrigo e a ausência de um lar. O que nos limita a sentir o sofrimento dessas crianças como sentimos o dos nossos parentes?
Amar todas as crianças como se fossem Alice é uma maneira de espalhar o amor e a compaixão pelo mundo. Elas são o futuro e merecem uma vida digna e decente. Que possamos olhar para todas as crianças com esse mesmo amor e desejo de proteção.
Com esta reflexão, encerra-se a coluna Nosso Estranho Amor, mas o amor pelas crianças e a busca por um futuro melhor continua em nossos corações.
