No cemitério da cidade de Muçum, os parentes das vítimas carregavam caixões em meio ao barro e poças deixadas pela tempestade. As chuvas e ventos fortes arrancaram lajes de pedra e expuseram túmulos, que ficaram inundados de lama. A cena era sombria, mas os arranjos florais traziam um pouco de leveza.
Uma das pessoas afetadas pela tragédia foi Fabiano Bolnr, um policial de 48 anos, que perdeu sua tia, tio e primo. Segundo ele, seu primo havia escapado, mas decidiu voltar para tentar salvar seus pais. Os três foram enterrados no último sábado.
Muçum foi o município mais atingido pelas inundações e deslizamentos de terra, com 16 mortos. Esse foi considerado o pior desastre natural da história do Rio Grande do Sul.
No último domingo, as autoridades elevaram para 43 o número de mortes em todo o estado e mantiveram em 46 o número de desaparecidos. Familiares de nove das vítimas tiveram que viajar para a cidade vizinha de Vespasiano Corrêa para realizar o velório em uma cerimônia emocionante no ginásio da cidade.
O prefeito de Muçum, Mateus Trojan, afirmou que esse é o pior momento, o momento de despedida coletiva. A cidade estava restrita devido às operações de busca e resgate. Ainda há 30 pessoas desaparecidas na cidade.
O papa Francisco enviou suas preces e solidariedade às comunidades afetadas pelos desastres naturais do Rio Grande do Sul. Em uma mensagem do Vaticano, o pontífice ofereceu suas preces pelas vítimas e pelas famílias desabrigadas, desejando que a reconstrução das localidades afetadas ocorra de maneira rápida e eficaz.
Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está na Índia para a cúpula do G20, relacionou a tragédia no Rio Grande do Sul com a emergência climática que o planeta está enfrentando. Segundo ele, a tragédia ressalta a necessidade de ações efetivas para combater os efeitos das mudanças climáticas.
O ciclone afetou cerca de 150 mil pessoas em 88 municípios do Rio Grande do Sul e causou danos econômicos de mais de R$ 1,3 bilhão, de acordo com a Confederação Nacional de Municípios. A reconstrução das cidades afetadas será um desafio, mas a solidariedade e o apoio da comunidade e das autoridades podem ajudar nesse processo.
