Em março e abril de 1822, dom Pedro partiu do Rio de Janeiro em direção a Ouro Preto, antiga Vila Rica, em Minas Gerais. A expedição tinha como objetivo principal se reunir com líderes locais e avaliar a possibilidade de emancipação, que já vinha ganhando força entre a elite brasileira da época. Após esse período, o regente seguiu para Santos, em São Paulo, onde proclamou a independência às margens do riacho Ipiranga, em uma das cenas mais marcantes da história brasileira.
Em uma viagem realizada em 2023, a Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil refez os trajetos percorridos por dom Pedro, substituindo as estradas de terra por asfalto e os animais por automóveis. A expedição passou por cidades como São João del Rei, Barbacena, Bananal e Aparecida, totalizando cinco localidades mineiras e 13 paulistas. Essa iniciativa faz parte do projeto “Heróis Portugueses do Brasil”, que busca celebrar os 200 anos da independência.
Durante a primeira viagem de dom Pedro a Minas Gerais, o momento mais tenso foi vivenciado em Vila Rica. O regente teve que aguardar vários dias nas imediações da cidade, à espera de emissários encarregados de anunciar sua chegada. Essa visita ocorreu dois meses depois do famoso “Dia do Fico”, quando dom Pedro, influenciado pela corte, anunciou que permaneceria no Brasil, contrariando as ordens de retorno a Portugal.
A ida a Santos também gerou preocupações, principalmente com possíveis revoltas. O regente pernoitou na Fazenda Três Barras, de propriedade do capitão Hilário Gomes Nogueira, e almoçou na Fazenda Pau d’Alho, pertencente ao coronel João Ferreira de Souza, em São José do Barreiro. O objetivo dessas visitas era evitar possíveis rebeliões.
Durante todo o percurso da expedição, o grupo organizador registrou em detalhes as atividades realizadas e planeja produzir um registro audiovisual. Além disso, foram realizadas palestras e distribuição de livros didáticos. Houve também espaço para a agenda religiosa de dom Pedro, com uma parada em Aparecida, onde visitou a capela da santa padroeira da cidade.
Essas viagens são parte de um projeto mais amplo, o “Heróis Portugueses do Brasil”, que já realizou expedições sobre a história de Pedro Teixeira, explorador da Amazônia, e Martim Soares Moreno, que lutou contra franceses e holandeses no nordeste. Com isso, as comemorações pelos 200 anos da independência do Brasil também contemplam a valorização dos personagens portugueses que tiveram um papel importante nesse processo.
