Um estudo está em fase de desenvolvimento para a construção de uma área de escape na serra de Igarapé, em Minas Gerais, onde ocorreu o acidente com um ônibus de torcedores do Corinthians no último dia 20 de agosto. O acidente resultou na morte de sete torcedores e, de acordo com a perícia realizada pela Polícia Civil, foi causado pela falta de freios no veículo. A serra de Igarapé é conhecida por ter registrado 67 acidentes no último ano.
A ideia de instalar áreas de escape em regiões de serra com alto índice de acidentes tem se mostrado eficaz. A concessionária Arteris, responsável pela administração da rodovia Fernão Dias, onde ocorreu o acidente, já possui três desses equipamentos em outras estradas. Segundo Antonio César Ribas Sass, diretor da Arteris, essas áreas de escape já salvaram 993 vidas, referente ao número de ocupantes dos veículos que conseguiram parar nas saídas de emergência.
As áreas de escape funcionam como uma última chance para veículos com problemas nos freios, falta de manutenção, excesso de peso ou incapacidade do motorista. Elas consistem em uma saída paralela à pista da rodovia que direciona o veículo para uma caixa cheia de cinasitas, bolinhas de argila expandidas. Essa caixa começa rasa e vai se aprofundando, dissipando a energia do veículo até que ele pare completamente. Além disso, as rampas de escape contam com sistema de drenagem e armazenamento para evitar vazamentos de cargas perigosas no solo.
No Brasil, ainda não existe uma norma técnica para a construção dessas áreas de escape, de acordo com a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). No entanto, a rampa de escape do km 667,3 da BR-376 tem servido como modelo para novos projetos. Atualmente, há 13 áreas de escape em estudo para serem instaladas em locais com alto número de acidentes, a partir de novos contratos de concessões.
Em Minas Gerais, uma lei sancionada em 2022 torna obrigatória a implantação de rampas de escape em rodovias estaduais, que entrará em vigor em maio de 2024. A prefeitura de Belo Horizonte também construiu uma rampa de escape no anel viário da cidade, que já foi utilizada nove vezes desde sua inauguração.
A serra de Igarapé, onde ocorreu o acidente com os torcedores corintianos, também está sendo avaliada para a construção de novas rampas de acesso. No entanto, ainda não há um projeto protocolado na ANTT. A Arteris informou que foram realizadas melhorias na serra, como reforço na sinalização com alerta luminoso, placas indicando curvas acentuadas, placas de contagem regressiva antes das curvas e ranhuras no acostamento para alertar motoristas em caso de sonolência.
Atualmente, tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que prevê a instalação de rampas de escape em estradas federais com longos trechos de descida. O projeto, que está na Comissão de Viação e Transportes da Casa, cita um estudo que analisou acidentes graves com caminhões em rodovias americanas e aponta que 16% deles foram causados pela perda de controle em descidas íngremes.
Portanto, a construção de áreas de escape em regiões de serra tem se mostrado uma solução eficaz para evitar acidentes graves. Essas saídas de emergência já salvaram inúmeras vidas e têm o potencial de mitigar o número de acidentes nas estradas brasileiras. Entretanto, é necessário que sejam estabelecidas normas técnicas para a construção dessas áreas, visando a segurança e a eficiência do sistema.
