No último dia 2 de agosto, aos 89 anos de idade, faleceu o filósofo, dramaturgo, poeta e professor Carlos Henrique Escobar. Figura de destaque no pensamento político brasileiro, Escobar deixou um profundo legado em suas áreas de atuação ao longo das décadas de 1960 até meados da década de 1990.
Nascido em Santos, no estado de São Paulo, em 1933, Escobar iniciou sua jornada de militância política aos 13 anos de idade, quando ingressou no PCB (Partido Comunista Brasileiro). Dois anos depois, ele já enfrentava as consequências desse engajamento, sendo preso pelas autoridades. Seu envolvimento político o levou a enfrentar as duras consequências da ditadura militar brasileira, quando foi detido e torturado em 1973.
No entanto, as realizações de Escobar não se restringiram apenas à política. Aos 17 anos, ele escreveu sua primeira peça de teatro intitulada “Antígona América”, que foi produzida pela famosa atriz Ruth Escobar, com quem ele se casaria posteriormente. Foi, no entanto, por meio de sua produção literária que Escobar se consolidou como um dos principais intelectuais do país, publicando obras filosóficas, poéticas e ensaios.
Dentre suas principais obras destacam-se “Proposições para uma Semiologia e uma Linguística” (1973), “Marx Trágico” (1993), “Marx: Filósofo da Potência” (1996), “Nietzche … (Dos Companheiros)” (2000) e “Zaratustra – O Corpo e os Povos da Tragédia” (2000).
Segundo relato de sua filha, Maria Clara Escobar, cineasta conhecida pelo filme “Os Dias com Ele” (2013), que retrata a tortura sofrida pelo pai, Escobar era um pai rigoroso, incentivando-a a ler livros considerados importantes desde tenra idade. Autodidata, o pensador recebeu o título de “notório saber” pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) em 1986, instituição na qual lecionou por aproximadamente 35 anos. Graças à sua influência e contribuição no campo acadêmico, a UFRJ autorizou-lhe a fazer seu doutorado direto, sem necessidade de frequentar as aulas, na Escola de Comunicação da universidade, a qual ele ajudou a fundar.
Além da UFRJ, Escobar também fundou o Instituto de Arte e Comunicação Social da UFF (Universidade Federal Fluminense), onde também foi professor, assim como nas Facha (Faculdades Integradas Hélio Alonso) e na PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro).
Carlos Henrique Escobar se aposentou em 2000 e mudou-se para Portugal com sua companheira Ana Sachetti e seu filho Emílio. No entanto, seu legado perdurará, influenciando gerações futuras com suas contribuições tanto na esfera intelectual quanto na pessoal. Sua filha Maria Clara destaca que Escobar era um incentivador do pensamento crítico e criativo, influenciando sua formação política, ética, caráter, poética e literária.
O falecimento do renomado pensador em Aveiro, Portugal, de causas naturais, ocorre com profundo pesar no cenário intelectual brasileiro. Carlos Henrique Escobar deixa sua esposa, Ana Sachetti, e seus filhos Patrícia, Maria Clara e Emílio.
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