Meses de clima quente e seco criaram as condições ideais para a onda de incêndios florestais recorde no Canadá. Até o momento, aproximadamente 15,3 milhões de hectares foram queimados, uma área maior do que a Grécia, e mais do que o dobro do recorde anterior registrado em 1989.
Além do impacto devastador na natureza, os incêndios também têm um grave impacto na saúde das pessoas. Cerca de 200 mil pessoas foram evacuadas e a fumaça das florestas queimadas resultou na disseminação da perigosa poluição do ar para grande parte do Canadá e até o sul dos Estados Unidos. Escolas foram fechadas e os serviços de emergência foram sobrecarregados.
De acordo com os cientistas, os incêndios florestais emitiram diretamente mais de um bilhão de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, além de outros gases de efeito estufa. Essas emissões contribuem ainda mais para o aquecimento global e para a intensificação das mudanças climáticas.
O estudo analisou a província de Quebec, no leste do Canadá, que registrou um número excepcionalmente alto de incêndios durante os meses de maio e junho. Os pesquisadores utilizaram dados climáticos e uma métrica chamada Índice Climático de Incêndio Florestal para entender as condições favoráveis ao fogo. Eles descobriram que as mudanças climáticas fizeram com que temporadas com a mesma intensidade se tornassem sete vezes mais propensas de ocorrer em comparação com a era pré-industrial.
As comunidades mais afetadas pelos incêndios são as mais remotas e com recursos limitados, sendo que 75% dos evacuados em julho eram indígenas. O estudo ressalta a importância de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e pressionar os líderes políticos para agir contra as mudanças climáticas. Enquanto o mundo continuar a queimar combustíveis fósseis, a probabilidade e a intensidade dos incêndios florestais severos só irá aumentar.
O World Weather Attribution é um grupo internacional de colaboração que já realizou mais de 50 estudos sobre eventos climáticos extremos. Seus resultados são revisados por pares em publicações especializadas. O estudo atual é mais uma evidência dos impactos cada vez mais visíveis e destrutivos das mudanças climáticas.
