De acordo com o Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), a mudança climática tem aumentado a intensidade e a frequência das ondas de calor. Desde a era pré-industrial, as emissões de gases-estufa já elevaram a temperatura do planeta em cerca de 1,2°C, o que resulta em temperaturas mais altas durante os períodos de calor extremo.
Para determinar o impacto exato da mudança climática em uma onda de calor específica, cientistas têm realizado estudos de atribuição. Esses estudos simulam o clima moderno centenas de vezes, comparando-o com cenários em que não houve emissões de gases-estufa causadas pelo homem. Por exemplo, pesquisadores concluíram que uma onda de calor que atingiu recordes no oeste da Europa em junho de 2019 teve uma probabilidade cem vezes maior de ocorrer devido às mudanças climáticas.
De acordo com a climatologista Sonia Seneviratne, as ondas de calor estão se tornando três vezes mais frequentes do que ocorreriam naturalmente, se não houvesse influência humana sobre o clima. Ela ressalta que a temperatura só vai parar de subir quando os humanos deixarem de lançar gases-estufa na atmosfera. Enquanto isso não acontecer, as ondas de calor só tendem a piorar.
Além disso, a mudança climática também contribui para o agravamento dos incêndios florestais. O aumento das condições de calor e seca torna o terreno mais propício para a rápida propagação do fogo. O calor também retira a umidade da vegetação, transformando-a em combustível seco para os incêndios.
É importante ressaltar, no entanto, que a mudança climática não é o único fator para o surgimento desses incêndios. O manejo inadequado das florestas e a ação humana, como incêndios criminosos e descuido com churrasqueiras, também desempenham um papel significativo. Além disso, o êxodo da população rural para as cidades tem reduzido a força de trabalho disponível para prevenir incêndios florestais.
Para evitar incêndios graves, algumas ações podem ser tomadas, como realizar queimadas controladas e abrir clareiras em florestas. No entanto, os cientistas concordam que é necessário reduzir drasticamente as emissões de gases-estufa para combater de forma efetiva esses eventos extremos.
Os especialistas alertam que, em algumas décadas, a atual temporada de incêndios pode parecer amena em comparação com o que as pessoas enfrentarão no futuro, caso não haja uma ação rápida e efetiva para combater a mudança climática. Portanto, é urgente que os países cumpram as metas estabelecidas no Acordo de Paris para limitar o aquecimento global e evitar consequências mais devastadoras.
