O brasileiro Antônio José de Abreu Vidal Filho, de 29 anos, foi preso na segunda-feira (14) nos Estados Unidos, de acordo com autoridades americanas. Ele recebeu uma sentença de 275 anos e 11 meses de prisão por participar de um massacre em 2015 em Fortaleza, no Ceará.
Antigo policial militar, Vidal Filho foi condenado, juntamente com outros três policiais, por 11 homicídios, tentativa de homicídio e tortura física e psicológica, em um caso conhecido como chacina do Curió. A defesa alega que ele é inocente e já recorreu da sentença.
Vidal Filho foi encontrado em Rye, uma pequena cidade com cerca de 5.000 habitantes no estado de New Hampshire, nos Estados Unidos, e foi detido sem incidentes. A pedido do Brasil, ele estava na lista de procurados da Interpol, uma organização internacional que coordena a colaboração entre várias forças policiais em diferentes países para capturar fugitivos.
Ele continua sob custódia do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos) enquanto aguarda uma audiência com um juiz federal.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), já estão em andamento os procedimentos para sua extradição junto ao Ministério da Justiça. Entramos em contato com o consulado brasileiro em Boston, mas não obtivemos retorno até o momento da publicação deste texto.
O julgamento de Vidal Filho ocorreu em junho deste ano, onde ele participou por videoconferência. Segundo seu advogado, Delano Cruz, o brasileiro mudou-se para os Estados Unidos em 2019 para acompanhar sua esposa, que estava fazendo um curso de pós-graduação e estudando inglês.
De acordo com seu advogado, Vidal Filho e sua esposa estavam legalmente nos Estados Unidos e têm uma filha de 7 meses. Ele trabalhava na área da construção civil.
Cruz também alega que pediu a anulação do processo alegando cerceamento de defesa durante o julgamento, pois não teria tido tempo suficiente para fazer sua argumentação oral – segundo ele, cada parte teve menos de 40 minutos.
A defesa de Vidal Filho também afirma que está em contato com um advogado especializado em imigração nos Estados Unidos que está acompanhando o caso do brasileiro.
Segundo o advogado, o ex-policial estava na corporação há apenas quatro meses quando ocorreu a chacina, não possuía arma, não foi filmado durante as mortes e teria um álibi em forma de multa. “Acreditamos que essa condenação foi uma questão midiática”, afirmou.
De acordo com a Justiça do Ceará, a chacina do Curió é o maior caso já tratado pelo tribunal local. São 34 réus divididos em três processos.
O massacre ocorreu nos dias 11 e 12 de novembro de 2015 em nove locais diferentes, segundo o Ministério Público do estado. As 11 vítimas eram todas homens e a maioria tinha menos de 18 anos. De acordo com o Ministério Público, os assassinatos foram em retaliação à morte do policial Valtermberg Chaves Serpa no dia 11, após resistir a um roubo.
De acordo com o Ministério Público, as vítimas dos policiais militares foram escolhidas aleatoriamente. Os mortos foram Alef Sousa Cavalcante, de 17 anos; Antônio Alisson Inácio Cardoso, de 17 anos; Francisco Enildo Pereira Chagas, de 41 anos; Jandson Alexandre de Sousa, de 19 anos; Jardel Lima dos Santos, de 17 anos; José Gilvan Pinto Barbosa, de 41 anos; Marcelo da Silva Mendes, de 17 anos; Patrício João Pinho Leite, de 16 anos; Pedro Alcântara Barroso, de 18 anos; Renayson Girão da Silva, de 17 anos; e Valmir Ferreira da Conceição, de 37 anos.
