Este caso traz à tona um aspecto preocupante dos crimes de homofobia no Brasil: eles também podem ser cometidos por LGBTs. O próprio agressor, Yuri de Moura Alexandre, é gay. Essa situação levanta a necessidade de examinarmos com mais atenção o preconceito presente na comunidade LGBTQ+ e como ele se manifesta.
Em uma entrevista ao programa Fantástico, Victor relatou que os ataques físicos começaram quando ele questionou se Yuri era abertamente gay. Yuri teria respondido com insultos homofóbicos enquanto desferia inúmeros socos em Victor. A defesa de Yuri nega as acusações, alegando que a orientação sexual do estudante de medicina nunca foi um segredo, uma vez que ele já foi casado com outro homem.
O delegado responsável pelo caso, João Valentim Neto, afirmou categoricamente durante a reportagem exibida pela TV Globo que um indivíduo gay pode ser homofóbico. A polícia civil do Rio de Janeiro considera que, além dos crimes de lesão corporal e falsidade ideológica, também foi cometido o crime de homofobia.
Diante de acontecimentos como esse, é importante que nós, homens gays, reflitamos sobre o papel que ocuparíamos nessa cena: seríamos a pessoa agredindo, o alvo das agressões ou apenas testemunhas passivas? E, mais do que isso, é fundamental investigarmos as razões que levam algumas pessoas da própria comunidade LGBTQ+ a agirem de forma preconceituosa contra outros membros.
É preciso desconstruir os estereótipos e preconceitos internalizados que ainda persistem em nossa sociedade. A luta pelos direitos e pela igualdade deve incluir também a conscientização e a mudança de mentalidade dentro da própria comunidade LGBTQ+. A agressão sofrida por Victor Meyniel deixa claro que o combate à homofobia não é uma batalha exclusiva dos heterossexuais, mas sim um desafio que todos nós, independente de nossa orientação sexual, devemos enfrentar juntos.
